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Quebra de safra prejudica PIB gaúcho

Estiagem de março e abril terá um impacto negativo de pelo menos 0,6 ponto percentual no RS.

A quebra da produção agrícola do Rio Grande do Sul provocada pela estiagem de março e abril terá um impacto negativo de pelo menos 0,6 ponto percentual no Produto Interno Bruto (PIB) estadual deste ano. A retração equivale a uma perda mínima de R$ 1,265 bilhão para a economia gaúcha, considerando-se os prejuízos diretos na agropecuária e os indiretos na indústria, comércio e serviços ligados ao setor primário.

 
O cálculo é do presidente da Fundação de Economia e Estatística (FEE), vinculada à Secretaria de Planejamento do Estado, Adelar Fochezatto. De acordo com ele, a agropecuária representa diretamente 10% do PIB gaúcho e até agora já contabiliza uma perda de 2,6%, principalmente em função da queda de 18,7% na safra de milho em relação ao ano passado, para 4,3 milhões de toneladas (segundo o IBGE), e dos prejuízos na pecuária leiteira e de corte provocados pelas más condições das pastagens.

O problema, conforme o economista, é que a agropecuária tem um efeito multiplicador de 2,3 vezes. “Cada R$ 1 perdido na agropecuária significa R$ 2,30 a menos na economia gaúcha como um todo”. Em 2008, o PIB do setor no Estado recuou 8,4%, também em função de escassez de chuvas, e puxou para baixo o desempenho da economia estadual, que cresceu só 3,8%, ante os 7% registrados em 2007 – quando o setor primário havia avançado 19,2% -, conforme Fochezatto.

“E o pior é justamente que a queda da agropecuária neste ano será sobre uma base já deprimida”, acrescenta. O estrago ainda pode ser maior, porque se a chuva não voltar logo as perdas vão aumentar na pecuária e a safra de trigo pode ser ainda mais comprometida. De acordo com Fochezatto, até agora a estimativa de queda na produção do grão de inverno é de quase 10% sobre 2008, para pouco menos de 1,9 milhão de toneladas, mas se o solo não recuperar os níveis adequados de umidade a quebra poderá crescer.

Outro dado preocupante para o Rio Grande do Sul, segundo o presidente da FEE, é que historicamente o PIB estadual apresenta desempenho inferior ao brasileiro quando a agricultura local registra um desempenho inferior ao da economia gaúcha como um todo, como deve ocorrer neste ano. “E com as projeções para o PIB nacional situadas entre 0,5% e 1,5%, já dá para se ter uma ideia de como deve se comportar a economia do Estado em 2009”, comenta. “Certamente teremos o pior resultado desde 2005 (quando o PIB estadual encolheu 2,8%)”, acredita.