Redação (13/01/2009)- A gestão sustentável tem sido, a cada ano, mais recomendada para a diminuição de problemas causados por dejetos animais nas propriedades rurais brasileiras. Existe uma estatística que diz que os sistemas de produção de suínos, aves e leite têm um potencial de produção de dejetos de suínos, camas de aves e estercos bovinos da quase três milhões de toneladas anuais. Isso apenas na região dos Cerrados.
Os custos ambientais cobrados por tantos dejetos não são pequenos. Em algumas regiões do país, especialmente nos estados do Sul e em determinados locais do Sudeste, o grau de poluição ambiental iguala ou supera valores internacionais. Boa parte dos chamados efluentes (restos) de suínos, aves e bovinos é jogada direta ou indiretamente na natureza, o que se transforma em uma grande fonte poluidora.
Uma das saídas para minimizar o problema é a gestão sustentável dos dejetos animais. De acordo com o pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas-MG) Egídio Arno Konzen, "a tecnologia de utilização dos dejetos animais como insumo na produção agrícola não somente reduz o potencial poluente e os custos de produção, como melhora os teores de matéria orgânica e de nutrientes no solo".
Com o deslocamento de vários empreendimentos ligados à suinocultura e à avicultura da região Sul para o Centro-Oeste do país, a preocupação ambiental vai junto. Questões como a exigência, por parte dos consumidores, de produtos de qualidade e feitos através de sistemas não poluidores do meio ambiente contribuem para essa expansão. E nada mais natural do que, também no caso do tratamento de resíduos animais, seja necessária uma evolução.
Dejetos de suínos
No caso de dejetos de suínos, a Embrapa Milho e Sorgo tem, nos últimos anos, feito diversos trabalhos de pesquisa e de transferência de tecnologia. Para Egídio, "o tema dejetos de suínos está inserido numa grande dispersão geográfica e em diferentes situações ambientais e socioeconômicas. A pesquisa tem encontrado dificuldades em dar respostas para esses diferentes contextos em virtude da complexidade do tema e, principalmente, pela preponderância de ações isoladas".
Juntamente com outras instituições, como a Embrapa Suínos e Aves (Concórdia-SC), a Universidade de Rio Verde (em Goiás) e associações estaduais de suinocultores, a Embrapa Milho e Sorgo chegou a indicadores agronômicos e ambientais seguros para os dejetos de suínos no Centro-Oeste. Normalmente, explica o pesquisador, "os problemas de dejetos animais são tratados por propostas que estabelecem maneiras para o seu manuseio e armazenamento, com o entendimento de seu potencial como fertilizante na produção de alimentos para a própria criação".
Os números comprovam a evolução da adubação com dejetos animais como insumo em diversas culturas agrícolas nas regiões Sudeste e Centro-Oeste. No período de 1985 a 1992, quando se começou a utilizar esta tecnologia, a área fertilizada foi de 10.000 hectares. A área aumentou para 45.000 hectares entre 1993 e 2000. E, no período entre 2001 e 2008, expandiu ainda mais, totalizando 130.000 hectares.
De acordo com Egídio, mais de 50 municípios brasileiros tiveram, nos últimos anos, ações de transferência de tecnologia em gestão de dejetos em propriedades rurais. Foram dias de campo, palestras técnicas e unidades demonstrativas que, só no período de 2001 a 2008, tiveram a participação de cerca de 3.700 pessoas. Moradores de municípios dos três estados da região Sul, dos três do Centro-Oeste – mais o Distrito Federal – e de dois estados do Sudeste (Minas Gerais e São Paulo) conheceram a tecnologia.