Apesar da redução na demanda mundial e da quebra na produção de grãos, as cooperativas do Paraná vão fechar 2009 com faturamento de R$ 25 bilhões, mesmo valor do ano passado, revelou ontem o presidente da organização que representa o setor no estado, a Ocepar, João Paulo Koslovski. O faturamento de 2008 foi recorde – 37% maior que o de 2007. As lideranças do agronegócio e cerca de 2 mil associados comemoram os resultados do ano hoje, em Curitiba, no Encontro Estadual de Cooperativistas Paranaenses.
“Foi um ano difícil. Tivemos perda no poder de compra em mercados como Estados Unidos, União Européia, Japão, o que resultou em queda nas exportações. Mas ainda assim as cooperativas conseguiram resultado positivo”, disse Koslovski. Os R$ 25 bilhões são uma projeção que considera o período de janeiro a dezembro. Dados de exportação e geração de impostos devem ser apresentados hoje aos cooperativistas.
O Paraná tem 250 cooperativas, que abrangem 500 mil cooperados e sustentam cerca de 1 milhão de postos de trabalho. As cooperativas agropecuárias – um terço do total – são responsáveis por 90% do faturamento de R$ 25 bilhões, o que faz com que o balanço seja um retrato da situação do agronegócio, apesar do crescimento das cooperativas de crédito e saúde. Produtores ligados às cooperativas cultivam 72% da soja e 46% do milho do Paraná. A renda dessas empresas tem forte impacto na economia. O Valor Bruto da Produção do agronegócio paranaense como um todo em 2008 foi de R$ 41 bilhões e o Produto Interno Bruto do setor em âmbito nacional, de R$ 760 bilhões.
O mercado interno impediu que a renda das cooperativas recuassem, disse Koslovski. “Tivemos queda muito grande nos preços dos produtos (grãos, carnes, derivados). Não bastasse isso, o Paraná perdeu 9 milhões de toneladas de grãos (soja, milho, trigo e feijão).” As dificuldades de acesso ao crédito também limitaram o desempenho do setor, acrescentou.
Em 2010, as cooperativas pretendem voltar a crescer. O presidente da Ocepar aposta em 10% de aumento, numa perspectiva de que a moeda nacional se mantenha ou perca valor diante do dólar. Ele confia numa produção de grãos próxima dos recordes de 2007/08, com maior participação da soja. Numa avaliação do quadro interno, a previsão é que as cooperativas de saúde ultrapassem às de crédito, hoje em segundo lugar. “As cooperativas de saúde estão bem estruturadas e a população está acreditando nelas. Já são 1,25 milhão de associados”, frisou.
Além de balanços e projeções, o encontro de cooperativistas terá premiações e cobranças. Os ministros da Agricultura, Reinhold Stephanes, e do Planejamento, Paulo Bernardo, vão receber o troféu Cooperativas Orgulho do Paraná, como reconhecimento pelo apoio ao cooperativismo. Na presença de líderes do Executivo e do Legislativo, as lideranças cooperativistas vão pedir prorrogação do prazo que exige averbação de 20% das áreas agrícolas como reserva legal até 11 de dezembro e a revisão desse porcentual. Querem também reforma na legislação do cooperativismo em vigor desde 1971.