Fonte CEPEA

Carregando cotações...

Ver cotações

Conjuntura

Lucratividade no campo

<p>BB prevê margens melhores para soja e milho em 2010. Mesmo com dólar em queda, recuperação da receita virá com a redução de custos nas lavouras.</p>

Mesmo prejudicada pela variação negativa do dólar, a nova safra agrícola tende a garantir boas margens de lucro ao produtor rural em 2010. A recuperação da receita líquida no campo virá pela forte redução dos custos de produção, informou ontem (12/11) o Banco do Brasil em relatório do balanço trimestral.

As margens médias projetadas pelo principal operador do crédito rural do País na nova safra será 4,6% superior na soja e 46,8% no milho na comparação com o ciclo anterior. Nas operações com soja, o produtor experimentou uma redução de 10,2% nos preços recebidos, mas deve garantir a melhora na margem com a redução média de 16,5% no custo de produção. No caso do milho, deve haver estabilidade de preços, mas o custo será 17% inferior ao da temporada anterior.

“É uma safra sem problemas de clima, com boa produtividade, onde houve boa redução de custos e, a depender da cotação do dólar, vai dar uma rentabilidade razoável”, diz o diretor de Agronegócios do BB, José Carlos Vaz. O relatório do BB informa, ainda, que a margem para a soja será 22,3% inferior ao registrado na safra 2007/08. No milho, essa margem será 55,3% menor.

O bom momento financeiro no campo é traduzido pela expansão da área cultivada com financiamento do BB. Na soja, o banco desembolsou 44% na comparação com a safra passada. Foram R$ 3,8 bilhões entre julho e outubro, o que ajudou a ampliar a área em 4 milhões de hectares, ou 63% acima de 2008/09. No milho, houve uma redução de 23% no crédito até outubro, para R$ 1,1 bilhão. Mesmo assim, a área recuou apenas 3%. No caso do arroz, o desembolso cresceu 15%, para R$ 800 milhões. A área financiada aumentou 60%, chegando a 475 mil hectares.

O BB, cuja carteira de crédito rural somava R$ 67,2 bilhões até o terceiro trimestre do ano, ressalva, porém, que a “variável dólar” seguirá como ameaça à rentabilidade do campo. “A cotação do dólar permanece como grande questão. Mas deve ter boa margem quem tiver gestão adequada de custos, boa matriz financeira e diversificar instrumentos de comercialização”, avalia Vaz. O BB projeta uma nova safra “volátil” por causa da volta dos especuladores ao mercado de commodities e as expectativas de recuperação da demanda por milho para etanol nos Estados Unidos.

O relatório trimestral do BB mostra que a carteira de crédito rural melhorou, sobretudo nas novas operações contratadas. Os empréstimos mais antigos, objetivo de renegociação derivada de problemas climáticos em safras anteriores, ainda “contaminam” a carteira do BB. Na comparação entre o terceiro trimestre de 2008 e igual período de 2009, as provisões para créditos da carteira aumentou de R$ 4,33 bilhões para R$ 4,95 bilhões. As operações vencidas há mais de 90 dias saltaram de R$ 810 milhões para 2,59 bilhões. Nas operações sem prorrogação, cujo saldo soma R$ 52,96 bilhões, o atraso chega a 1,8%. No saldo prorrogado de R$ 14,28 bilhões, o atraso soma 9,7%. “Mas o cenário indica uma melhora na qualidade da carteira e a recuperação do nível de endividamento da clientela”, afirma o diretor José Carlos Vaz.

O BB também informou na quinta-feira que os desembolsos na safra 2009/10 superaram R$ 15 bilhões nos últimos quatro meses encerrados em outubro – volume 28% acima do liberados em igual período da safra 2008/09. O banco informou ter aplicado 73% do total, ou R$ 11 bilhões, em operações de custeio.

A agricultura empresarial recebeu R$ 8,8 bilhões em operações de custeio e R$ 854 milhões em investimento e R$ 1,8 bilhão em comercialização. Na agricultura familiar, foram aplicados R$ 1,3 bilhão em operações de investimento, com forte destaque para o Programa Mais Alimentos. A linha de mecanização da agricultura familiar fez 8,8 mil operações no valor total de R$ 397 milhões. Nas operações de custeio da agricultura familiar, foram desembolsados R$ 2,1 bilhões.