Os preços baixos do milho estão obrigando os produtores a optarem pelo cultivo da soja. Apesar das perspectivas para o mercado futuro não serem das mais animadoras, o produtor rural, Getúlio Ferrari irá investir apenas no cultivo da oleaginosa. Este ano ele vai plantar 290 alqueires enquanto que na safra passada optou por plantar 60 alqueires de milho e 230 de soja.
Segundo Ferrari, o custo de produção do milho é muito mais alto que o da soja e a perspectiva de preços, por ser para o mercado interno, está muito ruim. Conforme o agricultor, o preço da saca de milho, que está em torno de R$ 14,50 não cobre os custos de produção. “Este ano desistimos do milho não vou plantar nem o safrinha, não compensa”, reclama. Segundo Ferrari, os preços da soja não estão muito animadores, mas o custo de produção é bem menor ao do milho.
De acordo com o produtor, o plantio em sua propriedade deverá começar a partir do dia 20 e a previsão, se tudo correr bem, é colher de 130 a 150 sacas por alqueire. “Tenho acompanhado a previsão meteorológica diariamente e tudo indica que este ano o clima será favorável para o plantio”, comenta. “Torcemos que tudo ocorra dentro da normalidade.”
Na área de atuação da Coamo Agroindustrial Cooperativa, o engenheiro agrônomo, Marcilio Yoshio Saiki, estima que a safra da soja terá um crescimento em torno de 7%. São 65 mil hectares este ano contra 61 mil da safra passada.
“Em função da política de preços os produtores migraram para a soja. O custo de produção do milho é alto e os preços estão baixos”, frisa. “Devido a isso a área da soja será maior este ano”, explica. Saiki comenta que a redução na área do milho será cerca de 40% em relação a safra passada quando foram cultivados 9 mil hectares. “Nesta safra estimamos o cultivo de 5,5 mil hectares do cereal”, destaca.
Quem também está desanimado com o preço do milho é o produtor Albino Néspulo. “Abandonei o milho, o preço do cereal não paga nem o custo de produção”, critica. Neste ano, Néspulo irá investir apenas na soja, ele vai plantar 180 alqueires. No ano passado chegou cultivar 50 alqueires de milho.
“Se plantar milho neste ano vai ser apenas alguns pés para comer”, brinca. O agricultor está na dúvida se irá plantar milho safrinha. “Não adianta produzir muito e não conseguir vender depois ou ter que vender a preço muito baixo. Vou esperar acabar todo o estoque para ver o que faço depois”, explica.
No Paraná área de milho terá redução de 22%
Com o avanço do plantio da soja, segundo estimativa do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento, a área plantada de milho terá uma redução de 22%. Cairá de 1,27 milhão de hectares na safra passada para 995 mil hectares plantados. Os produtores estão desanimados com os baixos preços do grão no mercado.
Mesmo com redução na área plantada, a previsão de produção é 6% maior em relação à safra de verão do ano passado, quando foram produzidas 6,55 milhões de toneladas do grão. Na safra 09/10 a estimativa aponta para um volume de 6,95 milhões de toneladas de milho na safra de verão.
Soja
No Paraná, o plantio de soja na safra de verão 2009/10 vai aumentar ainda mais. As lavouras devem avançar sobre o cultivo de milho e feijão, que devem perder em área plantada. A previsão de produção somente na safra de verão 09/10 é de 20,84 milhões de toneladas de grãos, volume 25% maior que o mesmo período do ano passado, quando a safra resultou em 16,54 milhões de toneladas.
Conforme o Deral, a área ocupada com soja na safra de verão avança de uma área plantada de 4,16 milhões de hectares, na safra 08/09, para 4,3 milhões de hectares, a maior área plantada no Estado. Se houver condições normais de clima, a produção deverá atingir um volume de 13,15 milhões de toneladas, um aumento de 40% sobre a safra passada, podendo consolidar novo recorde no Paraná.
Trigo
O excesso de chuvas que caiu sobre o Paraná já provocou perdas de 21% na safra de trigo. O potencial de produção da lavoura apontava para uma colheita de 3,5 milhões de toneladas, mas a última estimativa do Deral aponta para um volume a ser colhido de 2,77 milhões.
As lavouras mais atingidas pelas chuvas estão na região Norte do Estado, com 34% de quebra na produção e na região Oeste, com 29% de quebra na produção. Além do trigo, as chuvas estão prejudicando o rendimento das lavouras de triticale, canola e cevada.