Salvos pelo bom desempenho nos preços do arroz e da mandioca, os produtores da região Norte foram os únicos que tiveram recuperação de renda neste ano em relação a 2008.
As demais regiões agrícolas do País, cujo peso maior na produção recai sobre outros produtos, não tiveram a mesma sorte e estão com perdas. Os piores cenários ocorrem nas regiões Centro-Oeste e Sul.
A avaliação é de José Garcia Gasques, do Ministério da Agricultura, que cruzou os mais recentes dados de safra do IBGE, divulgados neste mês, e os preços recebidos pelos produtores apurados pela Fundação Getulio Vargas até julho.
O resultado foi uma redução média nacional de 4,1% no valor bruto de produção de janeiro a julho em comparação a 2008. O valor total da produção nacional de 20 produtos acompanhados pelo analista soma R$ 153,4 bilhões.
A queda ocorre tanto por problemas climáticos, que afetaram a produção, como pela redução de preços de alguns dos principais produtos colhidos no País, diz o especialista do Ministério da Agricultura.
O clima começou desfavorável já no período de plantio de verão do ano passado, quando a seca retardou a semeadura de grãos em várias regiões.
Reta final – Na reta final da safra, ocorreu o contrário. O excesso de chuva prejudicou a colheita de produtos como a soja no Centro-Oeste e o trigo no Paraná. A conjugação de safra menor que o previsto e de queda nos preços é que vai gerar menos receitas para os produtores.
Um dos destaques na queda foi o milho, uma cultura presente em todos os Estados.
Os paranaenses estiveram entre os que enfrentam as maiores quedas no valor da produção. Além da queda de 16% nos preços do milho neste ano, o Estado fecha a safra 2008/9 desse grão com baixa de 28% no volume produzido.
Afetado ainda pela queda de 14% nos preços do trigo, o Estado, um dos líderes de produção de grãos do país, teve redução média de 17% no valor total da produção, que caiu para R$ 17,9 bilhões -o valor contempla apenas a soma dos 20 produtos acompanhados por Gasques.
Mas não foi apenas o milho que derrubou as receitas dos produtores neste ano em relação a 2008. Café, algodão e soja também estiveram na lista, o que levou Estados como Mato Grosso (11%), Mato Grosso do Sul (23%) e Minas Gerais (11%) a figurar também entre os que mais tiveram redução no valor total da produção neste ano.
Drible na queda – Alguns produtos, no entanto, conseguiram driblar a tendência de queda de preços e vão trazer mais receitas neste ano, devido a aumento de produção e a preços melhores.
Um desses destaques é a cana-de-açúcar. Com uma valor total de produção de R$ 24,5 bilhões neste ano, o setor supera em 18% o de 2008. A tonelada foi negociada a R$ 35,50 de janeiro a julho deste ano, 12% a mais do que em 2008.
No País, produtores de cana tiveram a renda média sustentada. Em São Paulo, a cana representa 51% do valor da produção, considerando os 20 itens acompanhados por Gasques. O valor de produção do Estado recuou apenas 2,9%.
Por regiões, a única que teve aumento do valor bruto da produção foi a Norte: 10,6%. O aumento de 11% do arroz auxiliou a alta. As demais regiões perderam: Centro-Oeste (menos 8,8%), Sul (8,2%), Sudeste (5,5%) e Nordeste (1,8%).