As exportações de farelo de soja do Brasil para a Europa devem compensar a queda das vendas externas do grão até o final do ano. Nem mesmo a sinalização da Índia, gigante asiática no farelo de soja, de aumentar sua produção deve afetar as vendas brasileiras no segmento. “Mesmo a impressão de queda nas exportações, que pode acontecer no segundo semestre, os resultados do ano deverão ser positivos”, diz Carlo Lovatelli, presidente da Associação Brasileira de Agribusiness (Abag).
Na terça-feira (11/08), a China indicou uma desaceleração de compras da soja em grão depois de importações recordes para a formação de reserva.
A Índia deve comercializar no ano que vem mais de 3,5 milhões de toneladas do farelo. Nos próximos dois meses, Nova Délhi deve alcançar uma remessa de 400 mil toneladas do farelo – o que representa recuperação da queda de 37% sofrida no período de dez meses a se encerrar em 31 de agosto. As informações foram dadas ontem por Rajesh Agrawal, porta-voz da Associação dos Processadores de Soja da Índia. Segundo Agrawal, as exportações para 2010 serão ajudadas pelas 500 mil toneladas estocadas pelos produtores indianos.
A safra de soja da Índia não foi afetada pela seca que prejudicou os sojicultores da Argentina e do Brasil. O País colherá 57,1 milhões de toneladas, em relação ao previsto de 57,6 milhões de toneladas. A Argentina, que enfrenta a pior seca dos últimos 40 anos, deve colher 31% menos que na última safra – o equivalente a 31,9 milhões de toneladas do grão.
Lovatelli estima que a área de cultivo de soja no Brasil aumente cerca de 3 a 4% para a próxima safra. Segundo o presidente da Abag, o governo do Mato Grosso – estado responsável por 30% da produção de soja no País – deve aumentar em 2,5% a área de cultivo da oleaginosa. A previsão é de que a produção avance sobre a área de milho.
Ainda de acordo com Lovatelli, o avanço da área de cultivo da soja não afetará a produção de milho no País, que tem grandes estoques.
USDA – Também ontem, o governo norte-americano anunciou que a produção de soja nos Estados Unidos ficará abaixo do estimado. Segundo o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), a produção vai chegar a 3,2 bilhões de bushels do grão contra 3,26 bilhões de bushels previstos em julho. Os contratos futuros da soja norte-americana aumentaram 5,8% na última semana em função da sólida demanda pelas exportações.