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Sustentabilidade

Agronegócio e COP 15

<p>País ainda não tem consenso sobre que propostas vai apresentar na Conferência de Copenhague, cúpula da ONU para a discussão das mudanças climáticas, diz Abag.</p>

A Conferência de Copenhague, cúpula da Organização das Nações Unidas (ONU) para a discussão das mudanças climáticas, está a menos de quatro meses de seu início, e o Brasil, um dos países-chave no tema – entre outros motivos por abrigar a maior parte da floresta amazônica -, não tem consenso sobre que propostas apresentar no encontro. A constatação é dos próprios representantes da cadeia do agronegócio, reunidos ontem (0]10/08) no 8º Congresso Brasileiro de Agribusiness, organizado pela Associação Brasileira de Agribusiness (Abag).

“De certa forma, o trabalho está desordenado. É preciso uma tese mais centralizada, mais consensual”, disse Carlo Lovatelli, presidente da entidade. Os membros da Abag apresentaram propostas que acreditam ser cruciais na discussão do tema, mas relataram a dificuldade de fazer com que as ideias sejam defendidas com outras organizações na conferência, que será realizada em dezembro. A crítica, portanto, soou também como um mea-culpa.

Entidades, grupos de entidades, empresas e governo estão diluindo a força que poderiam ter se falassem a mesma língua, segundo o dirigente. “O agronegócio brasileiro tem força nessa discussão, mas assim não atingirá seus objetivos. É difícil termos agenda comum, mas precisamos trabalhar juntos. No exterior, tem muita gente dando palpite, metendo o dedo no nosso quintal. Não estamos conseguindo pedir a contrapartida. Esperamos que o governo faça isso”.

O Brasil tem conseguido reduzir o ritmo das queimadas na Amazônia. A floresta que escapa do fogo poderia ser “negociada” como créditos de carbono, segundo uma proposta defendida pela Abag – em outras palavras, os países mais ricos remunerariam o Brasil por não transformar em cinza, ou pastagem, a mata que ficou de pé. “A redução do ritmo de queimadas vale crédito de carbono. Matas ciliares, também”, disse Ingo Plöger, diretor da Abag. Nos EUA, disse, não há vegetação nativa às margens dos rios; no Brasil, a exigência é de manutenção de 50 metros de mata a partir da margem.

Nas tratativas sobre o que o Brasil deve defender em Copenhague – e em toda a discussão ambiental -, cada parte atira para o lado que acredita ser mais conveniente, segundo a constatação feita ontem, mas há boas notícias, avaliaram os dirigentes. Foi destacado o fato de que o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, garantiu que até o fim do ano o zoneamento econômico e ecológico será nacionalizado.

O Protocolo de Kyoto, sob o qual os países ricos comprometeram-se a reduzir emissões de gases, expira em 2012. Para renová-lo, a comunidade internacional tem que discuti-lo. Os membros da Convenção Quadro da ONU sobre as Mudanças Climáticas (UNFCCC) vão se reunir em Copenhague para esse fim.