A eficiência da amamentação é fator fundamental para a garantia da saúde da prole, e na suinocultura não é diferente. O colostro das fêmeas pode ser considerado a primeira vacina natural do suíno e quanto antes fornecido, maior a eficácia e os benefícios ao longo da vida dos leitões.
Nos primeiros dias de vida é possível conferir aos leitões elevado grau de imunidade contra o principal desafio da suinocultura moderna: a circovirose, e assim atuar de modo preventivo. Afinal, é cada vez maior a consciência dos produtores quanto ao investimento na prevenção das doenças para não arcar com os prejuízos depois.
O grande fator de prejuízo da circovirose está no equilíbrio imunológico afetado pela presença do vírus e outros co-fatores. Como conseqüência ocorrem doenças secundárias nas diversas fases de vida do animal, levando à mortalidade (variável) e diminuição da eficiência alimentar além de falta de uniformidade e perda de peso nos animais comprometidos.
Dessa forma, ganha destaque na suinocultura a vacinação passiva, com a imunização das matrizes, buscando uma eficiente imunologia. Essa prática auxiliará no sucesso da atividade ao reduzir a mortalidade de leitões, permitindo com que cheguem à idade adulta mais protegidos contra as enfermidades.
“Vários trabalhos científicos comprovam que a imunização passiva de leitões (via matrizes, notadamente marrãs), diminui a mortalidade nas fases iniciais e finais de vida, diminuindo a pressão infectiva pelo circovirus nos animais e ambiente; ajudando para que os leitões desenvolvam um bom sistema imune contra os desafios patogênicos futuros. Também protege fêmeas contra transtornos reprodutivos ligados à circovirose suína”, explica o médico veterinário patologista Edson Luiz Bordin, gerente técnico da Merial Saúde Animal.
Assim, além de ressaltar a importância da alimentação e a sanidade adequada das fêmeas gestantes, visando a qualidade do colostro – composto por proteína, gordura, água, lactose e anticorpos – é preciso atentar e garantir assistência ao parto nas granjas para que cada leitão tenha condições de receber cerca de 200 g de colostro nas primeiras 24 horas de vida e, de preferência, nas duas primeiras horas.
“A granja pode trabalhar com a programação dos nascimentos, segundo um programa rígido de controle no período da maternidade, cujo sucesso colabora decisivamente para o resultado econômico do projeto”, afirma Bordin. “Uma alternativa a ser considerada é a indução do parto seguido de manejo adequado visando a uniformidade da ingestão do colostro”, completa o especialista da Merial.
O consultor e especialista em suinocultura Francisco Oliveira acrescenta que é fundamental o adequado atendimento ao neonato – que envolve secagem, massagem, desobstrução de vias respiratórias e ativação do sistema circulatório –, permitindo que ele tenha energia para tomar o colostro. E não é só ao momento da primeira amamentação que os suinocultores devem redobrar sua atenção. O cuidado deve prevalecer durante todo o período da maternidade, que dura 21 dias até que o leitão seja desmamado e siga para a creche.
Entre os cuidados essenciais dessa fase estão o manejo adequado do escamoteador, corte e cauterização da cauda, desgaste dos dentes, aplicação de ferro, uniformização da leitegada, fornecimento de fontes adicionais de energia e castração. O manejo eficiente nesses 21 dias, começando com a vacinação das mães para garantir o suprimento de anticorpos aos leitões, via colostro, influenciarão sobremaneira na eficiência da granja.
Sanidade nas granjas – Estudos recentes indicam que o custo com sanidade antes do aparecimento da circovirose fica em torno de 2,5% das despesas totais, enquanto após o surgimento da doença os gastos com sanidade sobem para 3,5% a 5% e em casos mais graves até 8%. “A prevenção é uma decisão economicamente inteligente”, ressalta Edson Bordin.