Produtores de milho do sudoeste paulista optaram por investir mais em tecnologia e aumentar a produtividade para driblar os baixos preços do grão no mercado. Em vez de reduzir a quantidade de adubo para baixar os custos, eles reforçaram o emprego de fertilizantes, inclusive os foliares, e não economizaram nos tratos culturais. Em consequência, o milho safrinha, que está em fase de colheita nas regiões de Itapetininga e Itapeva, vem batendo recordes de produção.
“Estou colhendo 132 sacas por hectare em áreas não irrigadas”, disse o agricultor Toshimito Varikoda, da Fazenda Santo Antonio, em Itapetininga para o Jornal O Estado de S. Paulo. “É uma produtividade muito boa para a época.” A safrinha de milho tem esse nome justamente porque é cultivada fora da época mais propícia para a cultura, típica do verão, por isso é uma safra menor.
Na região, o plantio se dá entre janeiro e fevereiro e a colheita ocorre próxima do inverno. Por ser uma cultura de risco, geralmente os produtores procuram fazer uma lavoura econômica, com menos adubação e redução de tratos culturais. A produtividade média em São Paulo dificilmente alcança 80 sacas por hectare. No sudoeste, porém, a prática da safrinha barata está sendo abolida. Além de empregar sementes selecionadas, os produtores capricham na adubação e melhoram a distribuição de plantas por hectare.
Plantio Direto
Toda a lavoura de Varikoda foi feita em área de plantio direto. As pulverizações com defensivos foram as estritamente necessárias e a fertilização foi reforçada com adubação foliar. “Fizemos o serviço completo”, diz. Mesmo vendendo a R$ 20,50 a saca de 60 quilos, ele livrou a despesa e teve algum ganho. Com mais uma área a ser colhida, ele espera uma reação nos preços. “Se chegar a R$ 23 ou R$ 24, aí fica muito bom.”
O produtor Ariovaldo Fellet, da Fazenda Lagoa Bonita, em Itaberá, também comemora a boa produtividade da safrinha. Nas áreas sob pivôs de irrigação, a roça está rendendo 186 sacas por hectare – um volume muito bom. As lavouras não irrigadas rendem mais de 100 sacas por hectare.
Plantio direto sobre a palhada de culturas anteriores, adubação de solo e foliar, controle integrado de doenças e pragas, além da irrigação, passaram a ser rotina nas culturas da propriedade, que também é grande produtora de sementes.
De acordo com Fellet, só uma produtividade muito elevada livra o produtor de ter prejuízo com o milho. Como o custo de produção da cultura irrigada está em R$ 2.850 por hectare, quem colhe menos de 142 sacas por hectare não consegue pagar a conta, considerando o preço atual, em torno de R$ 20 a saca. “Nossa região é privilegiada para a agricultura em clima e fertilidade do solo. Seria um desperdício não usarmos as melhores tecnologias para obter o máximo de produtividade das lavouras.”
Na semana passada, o indicador Esalq mostrou uma pequena reação, de 1,12% no preço do milho. As baixas temperaturas, acompanhadas de geadas, atingiram algumas culturas na fase de maturação. A colheita da safrinha está sendo finalizada em São Paulo, mas em alguns Estados do Centro-Oeste foi iniciada agora. Levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) indica redução na produtividade em razão do clima. No Centro-Sul, a quebra foi de 6,3%, motivada principalmente pela estiagem nas fases de desenvolvimento vegetativo e floração.
Os preços baixos causaram queda na área. A Conab prevê produção total, no Brasil, de 49,88 milhões de toneladas de milho este ano, considerando a primeira e segunda safras, ou 15% menos do que no ano passado, quando atingiu 58,65 milhões/toneladas.
Levantamento da Secretaria de Agricultura de São Paulo mostrou uma queda na área plantada com milho safrinha no sudoeste. Na região de Itapeva, foram plantados 18 mil hectares, ante 25 mil do plantio anterior. De acordo com o engenheiro agrônomo Vandir Daniel da Silva, por causa dos preços baixos, muitos produtores reservaram as áreas para culturas de inverno, como trigo e triticale.
* Com informações do O Estado de S. Paulo