As receitas com exportações de carnes, que ensaiavam recuperação, voltaram a recuar em maio, de acordo com o Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio. O quadro sugere que a demanda dos países importadores ainda não retomou os níveis normais, num momento em que apreciação do real em relação ao dólar tira competitividade dos produtos brasileiros.
As vendas externas de frango renderam US$ 381,1 milhões no mês passado, 10,2% abaixo de abril e 34,6% inferiores a maio do ano passado. Na carne bovina in natura, o faturamento com as exportações foi de US$ 234,4 milhões, uma queda de 5,4% ante abril e de 37,6% em relação a maio de 2008. As exportações de carne suína renderam US$ 94,2 milhões no período, com pequeno recuo de 1,2% sobre abril e de 40,7% na comparação com maio do ano passado.
Os volumes vendidos também foram menores. Foram 265 mil toneladas de carne de frango em maio, 13,9% menos que em abril e 19,1% abaixo do mesmo período de 2008. Os embarques de carne bovina somaram 75,1 mil toneladas, 11,8% menos que em abril e 23,2% inferiores a maio do ano passado. Já os volumes de carne suína totalizaram 46,4 mil toneladas, 3,5% abaixo de abril e 15% menos do maio de 2008. Nas três carnes, os preços médios nas exportações subiram em maio em relação a abril deste ano..
José Vicente Ferraz, do Instituto FNP, afirmou que a queda das carnes surpreendeu, já que havia uma expectativa otimista no mercado. “Falava-se em crescimento, com a Rússia acelerando as compras e o Chile autorizando os primeiros embarques”, comentou, referindo-se à carne bovina.
Para o presidente da Abipecs (reúne os exportadores de carne suína ), Pedro de Camargo Neto, o volume exportado – que deve ficar na casa de 50 mil toneladas por conta de ajustes – está “dentro do normal”. Ele não acredita que o vírus A (H1N1), que foi popularmente chamado de gripe suína, tenha contribuído para o recuo.
Na avaliação de Camargo Neto, o volume exportado em maio “é bom” e, mantido o ritmo, os embarques do ano podem ficar acima de 2008, quando somaram 530 mil toneladas. O que atrapalha agora, disse, é o dólar abaixo de R$ 2,00. “É prejuízo para todos”.
Relatório do Credit Suisse sobre o desempenhos dos embarques de frango avalia que a alta dos grãos e a apreciação do real estão adiando a recuperação da rentabilidade para níveis históricos. A queda nos volumes sinaliza, segundo o banco, que os importadores podem ter terminado de recompor seus estoques.
Para a carne bovina, o relatório vê ainda um “ambiente desafiador”. “Ajustes abruptos na capacidade instalada nos primeiros meses de 2009 beneficiaram os maiores frigoríficos, que estão gradualmente aumentando a taxa de utilização de suas plantas, mas a demanda fraca da União Europeia e Rússia traz o risco de exportações estáveis de carne bovina este ano”.