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ACSURS na EuroTier

<p>Presidente da entidade diz que Brasil tem condições de competir de igual para igual com países europeus.</p>

Redação (21/11/2008)- O presidente da Associação de Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul (ACSURS), Valdecir Folador, retornou confiante da EuroTier 2008, realizada em Hannover, Alemanha, de 11 a 14 de novembro. A suinocultura brasileira não deixa a desejar em relação a países desenvolvidos, em especial os da União Européia. Para Folador, a participação na feira internacional foi muito importante. “Podemos comprovar que o Brasil tem condições de competir de igual para igual com outros países produtores. Não estamos atrasados, seja em termos de tecnologia de equipamentos, nutrição, laboratórios e qualidade da carne. Não perdemos em nada”, afirma.
Durante a feira, o presidente visitou todos os estandes da suinocultura e a grande maioria dos relacionados à bovinocultura de leite e avicultura. Dentre os expositores, provenientes de 45 países, estivam fabricantes de equipamentos e máquinas, laboratórios e representantes da área de manejo animal. Em se tratando de equipamentos para a suinocultura Folador diz que não há grandes novidades. “Existem alguns equipamentos diferentes, mas que não se adaptam à nossa realidade, como é o caso de um sistema de automação para ração líquida. É muito interessante, mas inviável financeiramente nas propriedades gaúchas, que são de pequeno e médio porte”, comenta.
Na área de nutrição e laboratórios também não há muita diferença no que já vem sendo utilizado no Brasil. A grande maioria destas empresas são multinacionais, com atuação em vários países.

Tendências

De acordo com o presidente da ACSURS, a suinocultura na União Européia, não deve crescer muito nos próximos anos. “Pelo que pude perceber e pelos contatos que fiz, a tendência é que a produção de suínos nestes países cresça de forma tímida. Principalmente em função dos altos custos de produção, já que eles necessitam da importação de matéria-prima, como milho e farelo de soja”, destaca. O subsídio dos governos é tido como um diferencial, pois garante a continuidade da produção. Ao mesmo tempo possibilita uma concorrência quase desleal em relação aos países produtores que não possuem subsídios, caso do Brasil.
Se por um lado o Brasil é prejudicado pela política de produção subsidiada dos países europeus, por outro sai na frente quando se trata de extensão territorial. “Eles têm poucas áreas para produzir e nisso nós temos vantagem. Além disso, aproveitamos os dejetos, de forma sustentável, na lavoura, reduzindo custos. Em termos de produção de suínos temos a mesma competência que os países desenvolvidos. Não precisamos ter medo de competir com eles”, enfatiza Folador. Ele salienta, no entanto, que as exportações brasileiras são dificultadas em função da prática de proteção interna adotada pelos países da União Européia, resultante dos altos subsídios governamentais e produção auto-suficiente. “Barreiras tarifárias são transformadas, muitas vezes, em barreiras sanitárias. Talvez também falte ao Brasil fazer a lição de casa em termos de sanidade. Não do plantel, mas no sentido de oferecer uma estrutura sanitária adequada para as exportações. Se temos condições de produzir e competir de igual para igual precisamos continuar avançando, nos adequando, para alcançarmos novos e bons mercados”, observa o presidente da ACSURS.

Comércio de carne
Outro ponto destacado por Valdecir em relação à viagem para a Alemanha, é a forma de comercialização da carne no país. Os alemães são grandes consumidores de carne suína, tanto em in natura, como em embutidos. “Nos mercados existe uma variedade muito grande de salsichas, lingüiças e outros embutidos. Nos balcões refrigerados, se tem disponível bastante carne in natura, em cortes, porções e embalagens iguais ou muito parecidas aos propostos pela campanha Um Novo Olhar sobre a Carne Suína. Isto comprova que o projeto da Associação Brasileira de Criadores de Suínos (ABCS) está no caminho certo, buscando oferecer mais carne in natura para o consumidor”.

Turbulência Mundial
 Conforme Folador, o atual momento econômico do mundo foi um assunto muito comentado nos corredores da EuroTier. Apesar das incertezas, o setor produtivo de alimentos tenta manter o otimismo. “Ao que tudo indica, a crise irá atingir diretamente o comércio de bens duráveis. O setor de alimentação deve sofrer algum reflexo sim, mas em proporções muito menores, já que comida é gênero de primeira necessidade”, diz. Ele lamenta a redução no valor do suíno e diz que o produtor não pode ser penalizado, por causa das incertezas do mercado. Em cerca de 30 dias o valor passou de R$ 3,30 para uma média de R$ 2 a R$ 2,20, o quilo. “O segundo semestre de 2008 ia bem, o produtor se recuperava de um longo período de prejuízo. Hoje nosso produtor passa por um momento de dificuldade de novo. Não pode haver precaução de mercado com o ônus sendo repassado ao bolso do produtor. Isso desestimula a produção e a margem de ganho é muito pequena. Esperamos que esta fase seja passageira. O final de ano tradicionalmente é um bom período para a suinocultura e acredito que em 2009 o cenário mude e o produtor volte a ter ganhos com a atividade”.