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No Paraná, área de soja transgênica supera a convencional

<p>Histórico da Expedição Safra mostra o avanço da tecnologia geneticamente modificada desde a liberação comercial da soja transgênica.</p>

Redação (18/11/2008)-  A soja transgênica ultrapassou a convencional nesta safra e atingiu 60% de cobertura nas lavouras, conforme os números apurados pela Expedição Safra 2008/09. O índice era de 49% na safra passada. Essa expansão de 11 pontos já considera o aumento na área plantada, que passou de 4 milhões para 4,1 milhões de hectares.

No primeiro ano da sondagem realizada pela Rede Paranaense de Comunicação (RPC), na safra 2006/2007, a semente geneticamente modificada (GM) cobria 47% da área de 3,96 milhões de hectares. Era a primeira safra oficial, após da liberação comercial da tecnologia, com sementes transgênicas legalizadas.

No ciclo atual, a nova pesquisa da Expedição mostra que a transgenia se firma como opção no manejo de ervas daninhas. Os produtores e especialistas ouvidos pelas equipe de campo (técnicos e jornalistas) são unânimes em relação a essa tendência. Eles afirmam que a soja transgênica cresce sempre que as variedades mais produtivas de cada região ganham sua versão GM. Por outro lado, não consideram a opção definitiva. Se a soja transgênica tem custo maior, o produtor tende a voltar à soja convencional a partir do momento em que consegue controlar as pragas com o uso de glifosato, tolerado pela soja modificada.

A expansão da soja GM foi mais forte no Oeste e no Sudoeste, disse o pesquisador da Embrapa Soja, sediada em Londrina (Norte), Lineu Domit, do setor de Transferência de Tecnologia. Em sua avaliação, o fato de os produtores dessas regiões darem preferência à soja de ciclo curto favoreceu a semente transgênica. Com a chegada de uma diversidade cada vez maior de soja modificada ao mercado, o produtor deverá se guiar basicamente pelo custo, apontou.

A disponibilidade de sementes transgênicas adaptadas ao clima da região Centro do Paraná também melhorou, segundo a Agrária, de Entre Rios. Seus 540 cooperados cultivam 69 mil hectares de soja, praticamente a mesma área do ano passado. A participação das sementes transgênicas aumentou de 16% para 40%, conforme a cooperativa. As convencionais têm a preferência na região porque ainda apresentam produtividade mais elevada, além de parte da produção receber um prêmio (valor diferenciado de venda).

A facilidade no controle de ervas daninhas tem peso maior no Centro-Sul. Em Palmeira, segundo a Coopagrícola, com sede em Ponta Grossa, predominam os grãos transgênicos. O uso de variedades geneticamente modificadas ocorre em 79% da área da cooperativa nesta safra, ante 80% na anterior, já considerando a redução da área total, que foi de 2,7% (de 28,9 mil para 28,1 mil hectares de soja). Essa foi exatamente a mesma tendência verificada pela Batavo, de Carambeí, que tem 20% de 66,3 mil hectares com variedades transgênicas: a área total caiu 2,7% e a de soja manteve sua proporção, de um quinto.

O produtor Manoel Henrique Pereira, cooperado da Batavo em Palmeira, explica que o produtor da região não pode focar só a produtividade. Ele planta apenas soja transgênica, alegando que economiza no uso de herbicidas e beneficia o ambiente. Nonô Pereira associa o grão GM ao plantio direto na palha e à rotação de culturas e diz que, assim, tem mais sustentabilidade na lavoura. O controle sobre as ervas daninhas lhe permite plantar soja na mesma época em que colhe o trigo, dependendo apenas da umidade.

Para o agricultor José Armando Gafuri, de Toledo, na Região Oeste, a opção é custo e manejo. Todo verão ele cobre seus 50 hectares com soja e há três anos só planta sementes GM. “Não conseguia controlar o mato. Só comecei a me sair bem depois do transgênico”, relata.

GM free
Existem agricultores atentos às novas tecnologias, mas que ainda plantam, exclusivamente, soja convencional. Ivo Arnt, de Tibagi (Campos Gerais), explica que atende a um nicho de mercado que prefere a semente tradicional. Ele conta ainda que não tem problemas graves com ervas daninhas. Alcança 3,2 mil quilos por hectare. Com boa produtividade e relativo controle do mato, Eduardo Caldeirão, de Sertanópolis (Norte), também reserva seus 100 hectares de soja à semente convencional. Nesta safra, ele pretende colher 3,4 mil quilos por hectare.

Termômetro da produção no Paraná
Um dos termômetros da produção de soja no estado, os números da Coamo, com sede em Campo Mourão, confirmam a projeção feita pela Expedição Safra.

Com mais de 1 milhão de hectares, a cooperativa responde por 1¼4 da área de cultivo da oleaginosa no estado. Neste ano, entre 55% e 60% do cultivo de seus cooperados será com sementes geneticamente modificadas (GM), afirma Antônio Carlos Ostrowski, supervisor de unidades da Coamo. Na safra anterior, lembra, essa cobertura ficou entre 50% e 55%.

Considerando Santa Catarina e Mato Grosso do Sul, os cooperados somam uma área total de soja de 1,4 milhão de hectares. Na média, entre GM e convencional, a produtividade é de 3.000 quilos/hectare. O custo de produção, segundo Ostrowski, ficou idêntico entre as duas tecnologias. “Agora, a opção é puramente manejo, pela facilidade no controle de ervas daninhas e de aplicação de herbicida.”