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Preços agropecuários desaceleram prévia do IGP-M

<p>Em novembro, o dólar não está subindo de forma tão intensa, o que contribuiu para deixar mais baratos preços de itens relacionados à cotação da moeda norte-americana.</p>

Redação (18/11/2008)-  O retorno à deflação nos preços agropecuários do atacado (de 0,71% para -0,83%) foi decisiva para a desaceleração da segunda prévia do IGP-M de novembro, que subiu 0,49% após apresentar aumento mais intenso de 0,86% em igual prévia do mês passado. Segundo o coordenador de Análises Econômicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Salomão Quadros, a movimentação de preços agropecuários respondeu por cerca de 40% da desaceleração da segunda prévia do IGP-M desse mês.

Ele comentou que, no caso específico do atacado, a influência foi mais forte: cerca de dois terços da desaceleração de preços no setor atacadista (de 1,11% para 0,48%) foi motivada pelos preços agropecuários. Entre os destaques estão as quedas de preços registradas em feijão em grão (-14,31%); milho em grão (-6,17%) e bovinos (-2,11%).

No caso do feijão, Quadros explicou que boas notícias sobre a oferta futura do produto acabaram por derrubar o preço do item no mercado interno. ””A perspectiva de uma boa safra mexeu com o preço””, disse.

O milho também está sendo beneficiado por boas notícias de oferta, e pela continuidade de menores avanços de preços entre as commodities agrícolas no mercado internacional (devido à crise dos mercados internacionais). Por fim, a trajetória de preços das carnes, na avaliação do economista está sendo modificada pelo cenário de incerteza global no que concerne à demanda.

Quadros lembrou que os preços desse produto estavam em alta devido a uma forte procura internacional. Essa demanda não está mais tão crescente quanto no passado, e pode ter contribuído para elevar a oferta do item no mercado interno, puxando para baixo os preços. Embora admita que o setor agropecuário no atacado tenha contribuído de forma intensa para a taxa menor da segunda prévia do IGP-M desse mês, o economista da FGV fez questão de ressaltar o papel da movimentação de preços industriais no setor atacadista, que estão subindo menos. ””Os industriais estavam contribuindo, com grande impacto, para a aceleração (na taxa do IGP-M). Agora estão mudando sua trajetória””, disse, comentando que esse seria o grande ””fator novo”” mostrado pela segunda prévia do IGP-M.

Em entrevistas anteriores, o economista da FGV já tinha previsto um arrefecimento na margem da inflação industrial no setor atacadista, visto que, nos meses de setembro e outubro, a forte desvalorização cambial foi um dos principais fatores que conduziram a um patamar de preços elevados no setor.

Em novembro, o dólar não está subindo de forma tão intensa quanto a registrada em outubro, o que contribuiu para deixar mais baratos preços de itens relacionados direta ou indiretamente à cotação da moeda norte-americana.

Segundo Quadros, a trajetória de aceleração de preços no setor varejista (de 0,13% para 0,41%), detectada na passagem da segunda prévia do IGP-M de outubro para igual prévia em novembro, não parece ser sustentável.

Ele comentou que a taxa mais elevada nos preços no âmbito do consumidor foi fortemente pressionada pelo fim da queda nos preços dos alimentos (de -0,21% para 0,68%), cenário este que foi influenciado por produtos in natura mais caros. É o caso da taxa de inflação mais elevada nos preços das frutas (de 1,65% para 4,23%).

Outro ponto destacado pelo economista foi o comportamento de preços das carnes bovinas, que estão subindo de forma mais intensa (de 1,19% para 4,29%) e ajudaram a pressionar para a cima a taxa de inflação média do varejo, mensurada pelo IPC, na segunda prévia do IGP-M anunciada hoje.

Quadros lembrou que, no atacado, os preços dos bovinos atualmente estão em queda, que pode ser repassada para os preços de seus derivados no varejo, nas próximas divulgações do IGP-M. ””E não podemos nos esquecer do feijão em grão, que também está em queda no atacado””, acrescentou o economista, explicando que quedas nos preços de feijão no atacado costumam ser repassadas de forma muito rápida para o consumidor. Ou seja: a deflação no preço do feijão pode ser repassada para o setor de alimentos no varejo, puxando para baixo a taxa de inflação média do setor, nos próximos resultados do IGP-M.