Redação (30/10/2008)- Para o presidente da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (ABIPECS), Pedro de Camargo Neto, a crise financeira internacional "não nos pegou no contrapé". Em sua opinião, "a política monetária tem sido atuante. Mas precisa incorporar a alteração da pressão inflacionária, reduzindo os juros no sentido de facilitar o crescimento econômico"
"O Brasil apresenta um nível de reservas internacionais nunca atingido. Tem como reagir à especulação e, mais do que isso, a uma reversão do fluxo financeiro que vinha beneficiando a entrada de recursos. Possuímos um sistema bancário sanado, com focos isolados de problemas, mesmo que graves e exigindo rápido equacionamento", avalia o presidente da ABIPECS.
Em sua opinião, "a agricultura, uma das principais responsáveis pelo bom estado da macroeconomia, pode continuar a ajudar". Ele lembra que coube à agricultura fornecer alimentos ao consumidor brasileiro sempre a preços inferiores aos do mercado internacional. Mais: "parte do bom nível de reservas internacionais é resultado da balança comercial agrícola".
Camargo Neto acredita que "não estão claros ainda a localização e o tamanho da esperada recessão, e os efeitos na redução da demanda incorporarão a característica de inelasticidade dos alimentos".
Sobre a queda dos preços agrícolas no mercado internacional, Camargo Neto diz que "precisa ser compensada pelo ajuste cambial. O setor vinha sofrendo muito com uma relação cambial distorcida pela entrada de enorme fluxo financeiro que se reverterá. Esperamos que o governo compreenda este fato e não desperdice recursos tentando mascarar esta importante alteração do quadro global".
O presidente da ABIPECS é taxativo: "o setor, que amargava custos elevados, precisa agora da desvalorização cambial para enfrentar o acirramento da concorrência, mantendo mercados e deslocando concorrentes".
Camargo Neto avalia que "o importante, agora, é o governo usar a sua capacidade de ação, não imaginando ser possível nos isolar, porém, minimizando os efeitos da crise, no sentido de preservação de um mercado interno pujante. A agricultura está pronta para novamente apoiar o crescimento econômico".