Redação (17/10/2008)- A crise financeira internacional provocará na Argentina uma redução na produção de grãos de mais ou menos 3,2%, informou na quarta-feira (15) um informativo do Instituto de Estudos Econômicos da Sociedade Rural Argentina.
Para a entidade, através do crescimento de alguns indicadores setoriais "começamos a observar os primeiros impactos da crise internacional e a complexidade que transitará na Argentina em geral, e no setor agropecuário em particular".
"A melhor área semeada, o menor investimento em sementes e fertilizantes farão com que a campanha 2008/2009 tenha como resultado uma colheita de 92 milhões de toneladas, contra os 95 milhões do ciclo anterior", disse o chefe do instituto, Ernesto Ambrosetti.
La Rural estima que o maior impacto da crise será visto na redução de 1,1 milhão de hectares (22%) da área semeada de trigo, e de 600.000 hectares a menos de milho (18%). Além disso, a menor rentabilidade do produtor e o desânimo provocado pela falta de políticas oficiais de incentivo para o setor têm levado à queda na venda de sementes forrageiras em 30% e a de fertilizantes uns 33% (3,7 milhões de toneladas em 2007, contra 2,5 milhões de toneladas em 2008).
De acordo com estes parâmetros, a produção de milho, que segundo a Secretaria de Agricultura, Pecuária, Pesca e Alimentos (Sagpya) foi de 20,85 milhões de toneladas na campanha anterior, será então menor em 2,8 milhões de toneladas.
No entanto, o trigo, cuja produção anterior foi de 16,3 milhões de toneladas, segundo dados da Sagpya, terá então um corte de 4,3 milhões de toneladas.
Já a soja terá um aumento de 3,7 milhões de toneladas, além dos 46,2 milhões da campanha anterior.
Uma menor produção conduzirá a uma retração nas exportações, que no caso do complexo soja terá queda de 7 bilhões de dólares.
Em consideração às retenções da exportação de grãos, o corte que sofrerá a arrecadação fiscal será de 9 bilhões de pesos, pela queda do preço internacional, fundamentalmente da soja e do milho.
La Rural estima para a soja uma queda no preço internacional de 46%. Tem como parâmetro a cotação do contrato de setembro, que em agosto passado foi cotado em 609 dólares por tonelada, contra 329 dólares nos últimos dias.
Também considera uma queda de 56% no trigo, usando o contrato de dezembro a 470 dólares em fevereiro passado, contra os 210 dólares da quarta-feira (15).