Redação (16/10/2008)- Depois de entrar na produção de frangos, suínos e embutidos, agora a Globoaves está investindo na produção de patos. A empresa, que mantém uma parceria com a Villa Germânia, produtora desse tipo de ave desde janeiro deste ano, está construindo um frigorífico com capacidade para abate de 20 mil aves por dia. A intenção é vender carne de pato sobretudo ao mercado europeu.
O frigorífico, que será em Indaial, mesma cidade onde fica a Villa Germânia, deve entrar em operação no segundo semestre de 2009. O aporte na nova planta soma R$ 17 milhões, divididos entre Globoaves e Villa Germânia, maior empresa produtora de patos do país, com 190 funcionários.
"Esses investimentos representam um grande salto. Ao entrarmos na Europa, poderemos triplicar nosso atual volume de produção", diz Marcondes Moser, diretor de vendas e exportação da Villa Germânia. A produção atual é de 6 mil aves por dia.
A parceria da Globoaves com a Villa Germânia existe para as mais diversas carnes que a Villa Germânia produz, como marreco, coelho, codorna, galinha d´angola e frango caipira. O projeto do novo frigorífico, no entanto, será exclusivo para patos, hoje o carro-chefe da Villa Germânia, responsável por 90% da produção da companhia.
As obras já vinham sendo tocadas pela empresa catarinense antes da parceria, mas recebeu novo gás com a parceria. A Villa Germânia havia investido R$ 8 milhões para o início das obras, que estão recebendo agora reforço de mais R$ 9 milhões da Globoaves.
Segundo Eduardo Kaefer, diretor de alimentos da Globoaves, o interesse por patos vem na esteira da entrada da empresa no segmento de carnes, principalmente a partir de 2004, com a compra do frigorífico de aves da Chapecó Alimentos, deixando de ser apenas produtora de ovos e pintos. "Já estamos em suínos, frangos e embutidos, sendo o pato um produto complementar, para um outro público, de alto padrão", explica ele.
O executivo lembra que a Globoaves já vende carne de frango para a Europa e as regras sanitárias para a venda de patos são as mesmas. A idéia é primeiro chegar com patos para depois testar o mercado europeu para as outras carnes da Villa Germânia.
A Europa é um mercado de elevado consumo de carne de patos, segundo os empresários. Marcondes relata que o europeu consome 1 quilo de pato per capia por ano, enquanto no Brasil esse consumo é de apenas 15 gramas.
A produção de patos é feita a partir de matrizes importadas da França e Inglaterra, que são engordadas pela Villa Germânia em Santa Catarina. A epresa tem 40 famílias que produzem o pato como integrados, formato de produção similar ao de grandes empresas de aves na produção de frango.
O novo frigorífico é o passo preliminar à entrada no mercado europeu porque ele dará escala para a produção da Villa Germânia, já que é uma planta com mais tecnologia e maior controle sanitário, seguindo os exigentes padrões de produção exigidos pela Europa. De acordo com Moser, outras 100 famílias deverão ser integradas à empresa assim que for aberto o mercado europeu para os patos.
Além do frigorífico, serão investidos R$ 2 milhões em parceria em uma fábrica de rações que ficará em Itaiópolis, no norte catarinense. Com a fábrica de rações, a empresa deixa de terceirizar esse processo, reduzindo custos.
As exportações, principalmente para Oriente Médio e Ásia, já representam 70% das vendas da Villa Germânia – a empresa mantém o faturamento em sigilo.
Segundo Kaefer, a crise financeira internacional, que já tem levado alguns países europeus à recessão não deve interferir nos planos. "Os patos são um produto diferenciado, para um público de alta renda, que não vai deixar de consumi-los por conta da crise".