Redação (14/10/2008)- A crise da empresa Frango Forte, que está deixando morrer de fome milhares de frangos no sudoeste paulista, por falta de ração, levou a Associação Paulista de Avicultura a recomendar a seus associados que reduzam a produção entre 10% e 15% até o fim do ano para evitar que o preço do produto caia e gere prejuízos para o setor. Segundo Erico Pozzer, presidente da entidade, os preços do milho e da soja subiram no mercado internacional, provocando alta de 70% no custo da ração, e criando dificuldades para as empresas.
– Não apenas nós, mas todas as associações, recomendaram que seja reduzida a produção entre 10% e 15% para melhorar o preço. A redução evitará sobra do produto e uma possível queda de preços – afirmou.
Pozzer disse que o preço do frango não caiu este ano, mas não subiu o suficiente para compensar o aumento de custo. Na avaliação dele, reduzir a produção é necessário para que as empresas não iniciem 2009 com excesso de oferta, pois os primeiros meses do ano são de baixo consumo por conta do endividamento do consumidor no natal.
O executivo afirma não saber estimar quanto a redução na produção poderá causar de aumento de preço ao consumidor brasileiro. Em média, o quilo do frango resfriado é vendido a R$ 4 nos supermercados paulistas. Ele reconhece, no entanto, que há espaço para aumentar o preço no mercado interno.
– Os preços da carnes de boi e de porco continuam caros, o que pode facilitar o aumento no preço do frango. Mesmo com preço mais alto, a carne de frango pode continuar competitiva – explica.
Pozzer afirmou que as empresas precisam recuperar a margem de lucro perdida com o aumento de custo e lembrou que a saca de milho, que no ano passado era vendida por R$ 15 a R$ 18, praticamente dobrou de preço. Os produtores de São Paulo, segundo ele, pagam ainda mais caro pelo produto porque compram matéria–prima de outros estados.
Apesar da recomendação para reduzir a produção, Pozzer afirmou que o problema da Frango Forte é pontual e que o crédito está mais difícil para todos os setores.
– É um caso pontual e isolado, eles estão tentando resolver. Estamos em contato com a empresa para que resolva e libere lotes para os criadores para que eles possam alimentá-los. É a única maneira de resolver a situação – disse.
Segundo ele, não houve redução de exportações, que continuam no patamar de 330 mil toneladas por mês. Ele não descarta, porém, uma queda no consumo no mercado internacional.
– As exportações poderão cair, caso ocorra queda no consumo nos países compradores. Tudo depende dos desdobramentos da crise internacional, mas cada empresa vai tomar suas medidas para gerenciar o problema – afirmou.
A expectativa da APA é que o consumo interno de frango mantenha o crescimento este ano, em torno de 5%.