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Opinião do presidente da ACCS sobre a crise mundial

<p>Wolmir de Souza, presidente da associação catarinense, acena para poucos reflexos dentro da suinocultura, durante entrevista feita por sua assessoria.</p>

Redação (10/10/2008)- O mês de setembro terminou com o valor do suíno pago ao produtor integrado a R$ 2,70 o quilo. O valor, que nas últimas semanas chegou aos R$ 2,55 e neste ano já foi de R$ 2,60, bate o recorde registrado pela associação. Contudo, estamos diante de uma crise financeira internacional, a alta do dólar, e até onde isto poderia afetar a suinocultura. O presidente da Associação Catarinense de Criadores de Suínos, ACCS, Wolmir de Souza, avalia está situação em entrevista para Assessoria de Comunicação da ACCS . 

Assessoria de Comunicação – Wolmir na sua opinião a crise internacional afetará os alimentos, em especial as carnes?

Wolmir de Souza – É sempre uma preocupação, talvez ela não tenha uma participação direta, porém, é um fator suficiente para que especuladores entrem no mercado, e isso irá depender da nossa solidez. Hoje como estamos? Estamos com problemas de super oferta? Excesso ou falta, a fazerem as pessoas se prevenirem com alimentos, ou seja, vender aquilo que se tenha com medo que o preço caia, tudo depende deste fator especulativo.  Eu diria, que em termo de Brasil, não tenha um grande reflexo, poderá na minha opinião, ter um reflexo positivo, porque na verdade  a origem desta crise não é o Brasil, e ainda, poderá “sair um pouco de subsídios que tem outros países para com a produção”, tirando o subsídio da produção, abre a oportunidade ou melhora a concorrência, que no momento é desleal com o setor produtivo brasileiro, por isso que entendo que possa ser uma melhora positiva e benéfica a produção e produtores brasileiros. 

Assessoria de Comunicação –  E o consumo interno da carne suína será afetado?

Wolmir de Souza – Nada que possa trazer grandes prejuízos, principalmente na carne suína.  Nós estamos num mercado estável. Não temos problemas de super ofertas, capaz de apavorar-mos se não vender. A perda do poder aquisitivo da população, se é que possa ocorrer, que eu não acredito, acho que estamos falando e dando ênfase a um assunto que poderá não ter tamanho reflexo aqui no Brasil, mas pode acontecer do cidadão não comprar um carro, uma casa, mas não vai deixar de comer, pois o alimento é necessidade básica, não vai ter prejuízo neste sentido. 

Assessoria de Comunicação – E o valor irá aumentar para o consumidor, em vista o final do ano, período em que é mais consumida?

Wolmir de Souza – Eu entendo que isso é um fato meio que normal, deve haver sim, não muito além do que já está, pois estamos num patamar estável, eu não diria de em excesso, mas rentável para cadeia produtiva, rentável para Agroindústrias, o suficiente para que ela não aumente ainda mais para o consumidor. Eu acredito que não deva ter grande oscilação neste sentido. 

Assessoria de Comunicação – E os insumos, a alta dólar irá afetar o preço para o produtor, há possibilidades da falta de milho?

Wolmir de Souza – Não, volto a lembrar mais uma vez o fator especulativo, não acredito na possibilidade de falta, mas poderá haver no momento, e há uma preocupação tímida, porém é uma preocupação, pois o nosso parâmetro de mercado sempre foi o volume e valor exportado, se projetava falta de milho e por conseqüência a alta, tanto que um fator principal era o volume a ser exportado. O Brasil projetava um grande volume em exportação, e isso não ocorreu.  Não ocorreu por que o mundo não precisa de milho? Não, porque não é compatível com o valor, o dólar baixo inviabiliza as exportações. E agora se neste momento estamos felizes porque estamos vendendo melhor a carne suína, nós temos a preocupação de que o produtor de milho possa pensar assim e vender o cereal e vendendo pode ocorrer um equilíbrio nos preços, vamos ter que competir com o preço do porto, isso quer dizer que remunera o produtor tanto na exportação como no mercado interno. Então para mim a maior interrogação que fica da crise mundial e na alta do dólar é um aumento nas exportações, pode não ocorrer, não estou afirmando que isso deva acontecer, não é momento para ninguém se apavorar, poderá ter um aquecimento no preço do insumo, que não é num todo ruim, pois sabemos que o produtor de milho também tem que ser bem remunerado para que ele possa plantar.   

Assessoria de Comunicação – E as exportações Wolmir, o volume exportado será menor, diante da alta do dólar?

Wolmir de Souza – Não, a tendência de exportações é sempre crescente, não tenho dúvida, é matemático esta conta, é um momento positivo e o volume  que vinha sendo  exportado, que aliás já têm contratos feitos e assinados, não tem nada de novo no mercado, é cumprir os contratos  com aqueles valor em dólar, que saiu de R$ 1,60 para R$ 2,30, hoje um pouco menos  e com certeza a remuneração em reais vai ser melhor, então quer dizer, a remuneração da cadeia e do setor fará com que se sustente o preço praticado. Não acredito que a alta do dólar seja motivo para uma alta ainda maior dos preços pagos ao produtor, porém no mínimo o suficiente para ele se manter, pois como sabemos o país consome 80% do que produz, contudo esses 20% aliado a esse percentual de alta de dólar deve trazer um equilíbrio de mercado em termos de valores, nós devemos estar vendendo a mesma quantidade, mas com valor em dólar superior do que aqueles praticados, eu diria que neste momento este ponto é extremamente positivo. Para se ter uma idéia, segundo o Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, o acumulado de Santa Catarina de janeiro a agosto de 2008, foi de 107.829 toneladas exportadas, o Estado exportou em agosto de 2008, 2.940 toneladas o que daria em R$ 4.739,00 por toneladas, e hoje com a alta do dólar este valor ficaria em R$ 6.350,00 por toneladas, um aumento de 34%. 

Assessoria de Comunicação – Na sua opinião, o setor deve ficar em alerta, já existem especulações da redução do  valor do suíno?

Wolmir de Souza – Especulações sempre existiram e sempre vão existir, e ainda, sempre há por parte do setor produtivo tendência de mostrar novos ares, números no sentido de não ter nenhuma oferta, bastante procura, o mercado aquecido, consumidor está consumindo, as exportações estão se abrindo, se planta um otimismo, para que a alta se sustente, por outro lado tem alguém que quer comprar mais barato,e vai arrumar motivos e meios para que jogue o preço para baixo. O importante é que a sociedade, o produtor não caia  nesta jogada e a certeza e o único número capaz de refletir  a realidade e não a tendência de baixa são os números de exportações, não tem nenhum número que possa falar que o consumidor perdeu o poder aquisitivo, ou que mercado externo deixou de comprar, não, vai comprar e vai pagar mais  e o que vier fora disso é mera especulação.