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Bem alimentados, suínos rendem mais e poluem menos

<p>Substâncias naturais que reduzem o uso de antibióticos já fazem parte do cardápio do criadouro.</p>

Redação (07/10/2008)- Com um ciclo de crescimento acelerado, os suínos se tornaram consumidores extremamente exigentes. Já não basta ração com nutrientes sob medida para cada fase dos leitões. Para crescer rápido e fornecer carne de qualidade, pedem vitaminas especiais e aditivos que regulam o intestino (como o iogurte Activia). Até na hora dos remédios recebem cuidados especiais. Substâncias naturais que reduzem o uso de antibióticos já fazem parte do cardápio no chiqueiro, ou melhor, do criadouro.
 

“A alimentação recebe todo o cuidado possível. É como se os leitões fossem bebês. Hoje temos leveduras com alta concentração de proteínas que funcionam como alimento funcional”, citou a zootecnista Melissa Hannas, da Alltech. O produto, vendido como Nupro, promete imunonutrição – ao fazer o intestino funcionar melhor, teria o poder de evitar doenças e, conseqüentemente, reduzir a mortalidade suína.

Os alimentos funcionais têm ainda a capacidade de tornar os leitões menos poluentes. Ou seja, à medida que fazem o animal transformar uma parcela maior da ração em energia e carne, reduzem a carga de resíduos. Isso tudo, é claro, traz maior rendimento aos criadores. Os pesquisadores disseram que 19% da soja e 8% do milho contidos na ração não são digeridos pelos suínos em condições normais. Eles indicaram enzimas para um melhor aproveitamento dos alimentos.

A prioridade dos criadores é aumentar a produção e os ingredientes naturais entram de carona na dieta dos suínos, avaliou o nutricionista e proprietário da Nutrifarms Henrique da Silva Passos. “As novas matrizes estão parindo e alimentado 12 leitões por vez, 2 a mais que antigamente. O ciclo é mais rápido (caiu de 150 para 144 dias para o leitão de 100 quilos). Isso exige e depende de uma nutrição mais apropriada.”

Ele contou que, numa fazenda de Videira (SC) com 15 mil matrizes, a conversão foi reduzida de 2,68 para 2,35 quilos de ração por quilo de suíno vivo. A economia é de cerca de 200 gramas de ração por quilo de carne. “O avanço é enorme se considerarmos que nesta fazenda existem 150 mil animais se alimentando diariamente.”

Atualmente, os leitões poluem menos o ambiente e concentram em seu organismo menos colesterol, afirmou o nutricionista da Embrapa Suínos e Aves, de Concórdia (SC), Gustavo Lima. “A aceleração do ciclo do leitão reduziu a grossura do toucinho a olhos vistos.”

Por outro lado, ele afirmou que os avanços não são aproveitados por toda a cadeia. “Assim como é possível comprar remédio sem receita nas farmácias, não se pode garantir o uso adequado de antibióticos nos animais”. Ele observou que, pela alta concentração de suínos nos criadoros, tornou-se “impossível” produzir carne sem o uso desse medicamento. Se suspensos no prazo certo, os antibióticos não deixam resíduos na carne, ressalvou.

“Os suínos se alimentam hoje de forma mais adequada que o homem. Não comem nada a mais nem nada a menos do que precisam”, acrescentou. A qualidade da carne suína só é melhor aproveitada se os consumidores tiverem uma alimentação balanceada, destacou.