Redação (02/10/2008)- Até 30 de setembro, o investidor retirou R$ 21 milhões de recursos das principais companhias do agronegócio listadas na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). Algumas delas pode ter mais dificuldades de recuperar esse desempenho, sobretudo porque podem ser mais atingidas pela crise de crédito nos próximos meses ou simplesmente porque teve encerrado o seu ciclo de alta. A maior parte das empresas do agronegócio, teve perdas superiores às do Ibovespa, que desvalorizou-se 32,6% – entre 20 de maio e 30 de setembro deste ano.
O levantamento da Economática mostra que o valor de mercado da SLC Agrícola, por exemplo, especializada em produção de grãos, caiu 47,3% no período, de R$ 2,78 bilhões para R$ 1,62 bilhões. Possivelmente, segundo Peter Ping Ho, da corretora Planner, os papéis dessa empresa – que estão no patamar de R$ 15 – não vão voltar a bater R$ 33 ou R$ 35, porque o ciclo de alta das commodities agrícolas, negócio-alvo da companhia, acabou. "Dificilmente, os grãos vão bater níveis de preços históricos, como ocorreu há alguns meses, que deu à empresa uma boa performance", avalia Ping Ho.
O maior impacto nas companhias do agronegócio, do que no Ibovespa, é explicado pela avaliação de maior risco que tem o investidor diante de uma empresa que tem grande dependência de commodities no seu negócio. "As que devem se recuperar mais rápido são aquelas que usam as commodities agrícolas como matéria-prima, como a Perdigão, por exemplo, pois esses produtos estão mais baratos. Por outro lado, aquelas que vendem commodities, como a SLC, vão demorar mais para melhorar o desempenho". O valor de mercado da Perdigão caiu de R$ 10 bilhões em 20 de maio para R$ 7,5 bilhões até 30 de setembro, recuo de 25%, abaixo dos 32,6% do Ibovespa.
Já a Sadia, em razão de seus prejuízos anunciados, figura na lista das maiores perdas, 55%, de R$ 8,2 bilhões para R$ 4,3 bilhões (ações preferenciais).
Depois da Laep, controladora da Parmalat, o frigorífico Minerva é a que obteve maior perda de valor de mercado. Os papéis da companhia desvalorizaram-se 65,5%, de R$ 773 milhões. "Nessa busca por papéis mais seguros, o mercado vendeu muitas ações do Minerva com receio de que a empresa não consiga empréstimos para pagar dívidas que estão a vencer", explica Ping Ho.
As companhias sucroalcooleiras se mostram em situações de mercado diversas. A Cosan S.A, cujo valor de mercado recuou 52%, causa desconfiança pelas práticas que resultam no aumento de participação de sua controladora, da Cosan Limited. "Já a Guarani causa receio no mercado porque seu controlador, o grupo francês Tereos, está com dificuldades financeiras o que pode prejudicar os investimentos anunciados", explica o especialista. O valor de mercado da Guarani recou 54,7% até 30 de setembro.
Entre as usinas, o grupo São Martinho foi o que teve menor queda em seus ativos. Seu valor de mercado caiu 15,7% entre 20 de maio e 30 de setembro, de R$ 2,4 bilhões para R$ 2,08 bilhões.