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Safra recorde de grãos impulsiona a indústria

<p>Segundo CNZ, o agravamento da crise mundial, com incerteza sobre os preços das commodities, e a restrição ao crédito poderão reverter esse cenário a partir do próximo ano.</p>

Redação (26/09/2008)- A colheita da safra recorde de grãos no País em 2008 está impulsionando não apenas a economia no campo, mas também a atividade industrial. Os investimentos em tecnologia elevaram a produção de bens de capital para agricultura e de defensivos agrícolas e beneficiaram regiões nas quais o desempenho da safra tem maior peso. Os dados levantados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no entanto, podem mudar.

O agravamento da crise mundial, com incerteza sobre os preços das commodities, e a restrição ao crédito poderão reverter esse cenário a partir do próximo ano, alerta a Confederação Nacional da Agricultura (CNA). A produção de equipamentos para agricultura subiu 41,7% em julho na comparação com 2008, quase quatro vezes mais que os bens de capital em geral (8,5%). A produção desses equipamentos já vinha forte no primeiro trimestre (53,8%) e no segundo (32,9%). No que diz respeito aos defensivos agrícolas, os números também são bastante significativos: aumento de 42,9% em julho, de 67,9% no primeiro trimestre e de 29,8% no segundo.

Os efeitos positivos da safra de cerca de 145 milhões de toneladas confirmada para este ano chegaram também às regiões. Estados com forte presença do setor agrícola registraram, no acumulado de janeiro a julho, crescimentos acima da média nacional da indústria (6,6%), como Goiás (12,8%), Paraná (11,8%), São Paulo (10%) e Minas Gerais (6,9%). O economista Paulo Mol, da Confederação Nacional da Indústria (CNI), explica que a influência positiva da agricultura sobre o setor industrial foi mais forte em 2008 por causa dos investimentos em tecnologia, que levaram a um aumento na aquisição de máquinas e equipamentos para o setor. Segundo ele, mesmo no caso dos fertilizantes, cuja produção não cresce em velocidade tão forte (13,2% no primeiro trimestre e 0,2% em julho) quanto os defensivos ou bens de capital, os recentes incentivos do governo para produção nacional desses insumos já têm elevado os investimentos.

O presidente da Comissão Nacional de Cereais e Oleaginosas da CNA, José Mário Schreiner, disse que os investimentos do setor agrícola no primeiro semestre deste ano foram elevados porque o clima favoreceu a produção e os preços das commodities eram muito atrativos ao produtor. Porém, a partir de agora, segundo ele, o cenário é de completa incerteza para os produtores, que temem uma reversão de expectativas na próxima safra. "No primeiro semestre deste ano houve muito investimento porque havia sinais de alta nas principais commodities agrícolas, mas hoje a situação é diversa. Os preços no mercado internacional estão se acomodando, há forte desaceleração na demanda e crise nos mercados", explica.

Schreiner diz também que, além da retração da demanda mundial e da queda nos preços das commodities, preocupa também a possível restrição ao crédito em conseqüência da crise. Segundo ele, apenas 25% da demanda de crédito do setor são atendidos pelo governo. "A safra de 2009 começa com um ponto de interrogação e do próximo ano dependerá a decisão de plantio para 2010", afirmou.