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Agronegócio: momento é de cautela

<p>No PR, 35% do PIB (Produto Interno Bruto) vem do agronegócio, em especial da exportação da soja. </p><p></p>

Redação (17/09/2008)- A crise financeira deflagrada anteontem nos Estados Unidos (com a concordata do Lehman Brothers, quarto maior banco investidor dos EUA; a venda do Merril Linch para o Bank of America e a corda bamba da AIG seguradora), deve atingir o agronegócio paranaense, mas sem muito alarde. A previsão é da economista Gilda Bozza, da Federação de Agricultura do Paraná (Faep). Segundo ela, ainda é muito cedo para grandes projeções, porém, no momento, as commodities ainda estão em "situação confortável". No Estado, 35% do PIB (Produto Interno Bruto) vem do agronegócio, em especial da exportação da soja.

Ela explica que apesar da queda da bolsa (segunda-feira o índice Bovespa caiu 7,59%) e da soja em 0,50 de dólar para contratos de novembro, isso não representa uma indicação de crise. "Na sexta-feira passada, as sacas de soja aumentaram US$ 6,00 com a notícia de órgãos do governo federal norte-americano de retração na produção daquele país para o ano que vem. O mercado é muito sensível, mas ainda está em vantagem de preço. O Paraná será o responsável por repor os estoques do produto no âmbito internacional", analisa Gilda.

A China pode ser o gargalo futuro, caso seja atingida "em cheio" pelo movimento (de declínio) das bolsas. Se o maior mercado consumidor internacional deixar de comprar, não apenas o Paraná, mas o Brasil de modo geral terá déficit na pasta de exportação. "O momento é de observação. Investidores de Wall Street migraram os recursos para apostas de baixo risco e a bolsa ainda está se adequando. Por enquanto estamos a salvos e acredito que continuará assim", declara Gilda.

Outro economista vai mais além. José Pio Xavier, também vice-reitor da Universidade Positivo, destaca que ações de agronegócio na Bovespa representam commodities. Quem exporta, por exemplo, sofre com o declínio da bolsa, mas está comemoramdo a alta do dólar. "Quem tiver ativos financeiros vai vender baixo. Já as exportações manterão os contratos futuros. É esperar para ver, mas a situação que é séria, não é tão preta quanto parece", conclui.

Se depender do governo federal, o Brasil não terá consequências graves com a conjuntura internacional. O Ministro da Fazenda Guido Mantega, ainda na segunda-feira após a declaração das negociações nos EUA, durante coletiva de imprensa, afastou a chance de retração de crescimento sustentável nacional por causa da crise. Ele afirmou que a inflação continuará na meta e não prevê novos aumentos de juros (a taxa Selic foi ajustada em 0,75%). "A perspectiva é de crescimento entre 5% e 5,5% para 2008 e 4,5% em 2009", disse.