Redação (15/08/2008)- O Paraguai pode adotar um novo imposto agrícola, afirmou o presidente eleito do país, Fernando Lugo, referindo-se a uma medida capaz de chacoalhar a economia do país, altamente dependente das exportações agropecuárias, com destaque para a soja.
Lugo disse que o Paraguai, que possui a menor carga tributária da região, precisa também de uma maior arrecadação. "Vamos estudar a possibilidade real de fazer isso. Primeiro, implementar já o imposto de renda pessoal. A isso somam-se os impostos que, segundo tínhamos avisado, estudaremos para outros setores, como, por exemplo, o agrícola", disse Lugo ao jornal paraguaio "ABC Color".
O país é o quarto maior exportador mundial de soja e grande parte do crescimento econômico que registrou nos últimos cinco anos deve-se ao aumento das exportações desse produto, cuja área de plantio cresceu à medida que o preço dos grãos aumentaram nos mercados internacionais. O Paraguai produziu 6,8 milhões de toneladas de soja na safra de 2007/2008, batendo um recorde.
"Dionisio Borda [ministro da Fazenda] está aberto à possibilidade de estudar os números, de estudar a situação, de avaliar a necessidade de que também as exportações e o imposto agrícola sejam mais eficientes em nosso país", disse Lugo.
O anúncio acontece semanas depois de ter chegado ao fim, na vizinha Argentina, uma longa disputa entre o setor ruralista e o governo em torno do aumento dos impostos cobrados sobre a exportação de grãos. Os planos governistas tiveram de ser cancelados depois de o Congresso argentino haver rejeitado a elevação das taxas.
Lugo tomará posse em meio a uma grande expectativa dos que esperam uma luta franca contra a corrupção e a pobreza, que afeta 40% da população. A maior parte dos miseráveis vive na zona rural e isso, em parte, devido ao aumento do desemprego, em meio à expansão da agricultura mecanizada.
Há cerca de quatro anos, o Congresso paraguaio aprovou a implementação de um imposto de exportação sobre a soja em estado natural, imposto esse vigente por 12 meses. Mas, segundo os produtores rurais, a arrecadação resultante dele, que deveria ser destinada à reforma agrária, ganhou outro fim. Hoje em dia, o setor agrícola paga um imposto de renda agropecuária e impostos imobiliários, além do imposto de valor agregado como tributo indireto.