Redação (28/07/2008)- A carne suína está cada vez mais presente na mesa do brasileiro. Nos últimos quinze anos, o consumo passou de oito para 13,1 quilos por habitante/ano, um crescimento de 63,75%. Mesmo comemorando esse salto, o setor espera crescer ainda mais, e em menos tempo. Para isso, está investindo no aumento de produção, tecnologias e novas opções de cortes. E, além do mercado interno, a meta também é ampliar as exportações.
O Paraná é hoje o terceiro maior estado produtor de carne suína – ficando atrás de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Passado o período de restrições pelo episódio das suspeitas de febre aftosa no rebanho bovino, o setor espera fazer saltar o volume de exportações de 12% do total da produção para 20%, em dois anos.
A produção de carne suína no Brasil ano passado alcançou 3,005 milhões de toneladas, contra 2,943 milhões de toneladas em 2006. A projeção para este ano é de que atinja 3,107 milhões de toneladas. As exportações também estão aquecidas. Em junho deste ano, aumentaram 2,77% em volume e 39,14% em valores, em relação a igual período de 2007. O Brasil embarcou 51.731 toneladas e obteve uma receita de US$ 147,49 milhões. Em junho de 2007, as vendas corresponderam a 50.339 toneladas e US$ 106 milhões. Os dados são da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs).
O Paraná, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), produziu em 2007 cerca de 440 mil toneladas e, só nos primeiros três meses de 2008, já atingiu 106 mil toneladas. Desse total, 39,4 mil toneladas foram para o mercado externo, sendo que os maiores consumidores do Brasil e Paraná são Rússia, Hong Kong e Argentina. De acordo com o vice-presidente administrativo da Associação Paranaense de Suinocultores, João Batista Manfio, o consumo interno está se mantendo firme, o que reflete em boas perspectivas para o produtor. Hoje o preço pago pelo suíno é considerado atrativo pelo setor.
O preço médio pago nesta semana pelo suíno em pé, segundo levantamento do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Agricultura do Estado (Seab), foi de R$ 2,90 o quilo. No entanto, em regiões como Cornélio Procópio, Campo Mourão, Jacarezinho e Ponta Grossa o preço ultrapassou R$ 3,20. "Se levarmos em conta um custo de produção de R$ 2,90, a suinocultura vive um momento rentável para o produtor", avalia Manfio. Há cerca de dois anos, quando o Paraná vivia a crise pela suspeita de focos de aftosa, o preço pago chegou perto de R$ 1,10, com custo de produção de R$ 1,70.
O Paraná tem um rebanho de 4,5 milhões de cabeças e, com investimentos em tecnologias, genética, sanidade e manejo, tem conseguido aumentar a produtividade. No entanto, Manfio afirma que ainda existem alguns gargalos que precisam ser sanados. Entre eles, o abate, comercialização e a própria produção. "É preciso fazer ajustes para que seja possível atingir crescimento e atender à demanda", diz.
Produto ganha "nova cara" para atrair apreciadores
De acordo com dados da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS), dos 13,1 quilos de carne por habitante consumidos no Brasil, apenas 3 quilos equivalem à carne fresca. O restante são embutidos, como presuntos, lingüiças e salsichas. Além disso, o consumo total do País é considerado baixo se comparado com outras regiões. Na Áustria, o consumo é de 73,1 quilos por habitante; na Espanha, 66 quilos; e no Paraguai, 26 quilos por habitante/ano.
Uma pesquisa feita pela ABCS comprovou que quase 50% da população brasileira prefere o sabor da carne suína, no entanto, não consome por fatores como preconceito, preço, conveniência, formato e associação com a obesidade. Para tentar mudar essa visão, a entidade está desenvolvendo uma campanha (Um Novo Olhar Sobre a Carne Suína), que tem como objetivo reestruturar a forma como o produto é comercializado no Brasil.
O diretor de Marketing da ABCS, Fernando Barros, conta que a pesquisa ajudou a perceber que os hábitos dos consumidores mudaram e, por isso, investiu-se em ações que contribuíram para uma mudança de atitude do cliente também em relação ao produto.
Hoje a carne de porco é encontrada também em porções menores, pré-pronta, acondicionada de forma mais atraente e com novos cortes, como strogonoff, medalhões de mignon, escalopinhos de alcatra e carne moída premium sem resíduo de gordura.
A campanha, que já foi lançada em seis estados e nesta semana chegou a Curitiba, tem registrado aumentos significativos de vendas dos produtos nos supermercados.