Redação (17/07/2008)- A possibilidade de seca no meio-oeste americano é o novo fator que estimula a volatilidade dos grãos. As informações de que uma massa de ar quente atingiria o "cinturão dos grãos" nos próximas dias causou nervosismo. Com isso, as cotações da soja, com vencimento em agosto, fecharam em US$ 1,55 o bushel, alta de 1,9%.
"Mesmo com o petróleo caindo, os grãos foram impulsionada pelos fatores climáticos", explica Gonçalo Terracini, analista da FCStone. Segundo informou, tanto para a soja como para o milho os riscos de uma quebra ainda são grandes.
No caso do milho, que ainda está na fase de polinização, o excesso de calor poderia afetar a produção. Por esse motivo, os preços dos contratos com vencimento em setembro ficaram em US$ 6,77 o bushel, elevação de 1,6% na comparação com o pregão anterior. Terracini acrescenta que o mercado teve uma base de sustentação da alta por causa dos problemas na Argentina. "Os produtores estão segurando muito o produto ", disse.
Para Jacqueline Bierhals, gerente de agroenergia da AgraFnp, o mercado está na fase de especulação sobre o clima. Ela explicou que o mercado já precificou o relatório do Usda. "Não há nenhum outro fator por enquanto que justifique a alta além do clima", avalia.
O trigo também seguiu o mercado climático e os papéis com vencimento em setembro fecharam em US$ 8,57 o bushel, valor 2,7% maior que o pregão anterior. Mesmo em plena entrada de 50% da safra mundial, colhida no hemisfério norte entre julho e agosto, as cotações subiram. "Os fundos compraram muito por causa da tendência de seca. Por isso acredito que foi uma alta técnica", ressalta Élcio Bento, analista da Safras & Mercado. Ele disse que daqui para frente o fator climático deverá sustentar a postura dos investidores.
Já o café permanece estável e fechou o contrato de setembro cotado a US$ 1,40 a libra peso, alta de 0,1%. Em Londres, os papéis para setembro subiram 0,5% e ficaram em US$ 2.358 a tonelada. Gil Barabach, analista da Safras & Mercado, explica que mesmo com a intensificação da safra brasileira, a baixa oferta e demanda elevada evitam perdas.