Redação (16/07/2008)- O aumento da demanda por alimentos no mundo e as questões agroenergéticas foram os assuntos abordados pelo presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho), Odacir Klein, ontem, na palestra de abertura da 53ª Reunião Técnica Anual do Milho e 36ª Reunião Técnica Anual do Sorgo, realizada no auditório da Embrapa Clima Temperado, em Pelotas. O evento é realizado em parceria com a Emater/RS e ocorre até amanhã, com a participação de cerca de 200 pessoas.
O chefe geral da Embrapa Clima Temperado, Waldyr Stumpf Júnior, destacou a importância do evento que se caracteriza como um fórum de discussão e encontro de pesquisadores, extensionistas, professores, produtores, empresários e estudantes que trabalham com as culturas de milho e sorgo no Estado. “O milho é muito importante para diversas cadeias produtivas, criação de animais, produção de alimentos, com a geração de emprego e renda para muitas famílias.”
A coordenadora do evento e pesquisadora da Embrapa Clima Temperado, Marilda Pereira, disse que as reuniões serão desenvolvidas sob a forma de palestras, painéis e discussões no âmbito das comissões técnicas de genética, melhoramento e tecnologia de sementes; nutrição vegetal e uso do solo; fitopatologia, entomologia, controle de plantas daninhas ecologia, fisiologia e práticas culturais, além de difusão de tecnologia e socioeconomia. “A reunião anual estabelece orientações para a assistência técnica repassar aos produtores, relativas a diversos aspectos de produção do milho e do sorgo no Rio Grande do Sul, tais como cultivares, manejo de solo, adubação, controle de plantas daninhas, entre outros.”
Presidente da Abramilho destaca causas da alta no preço dos alimentos
Na palestra de abertura, Klein destacou que o aumento do preço dos alimentos que ocorre em todo o mundo se reflete, especialmente, em função do aumento de consumo na China, que retirou ao longo de dez anos 180 milhões de pessoas da linha da miséria. “Isso significa que essas pessoas passaram a ter acesso à compra de alimentos.” Ele exemplificou o impacto do consumo chinês na produção mundial de alimentos. “O consumo per capita de carne bovina na China é de apenas quatro quilos por ano. Ainda assim, os chineses já consomem 10% da produção mundial. Se cada chinês consumisse a mesma quantidade de carne bovina que um brasileiro, 25,5 quilos, a China responderia por 75% do consumo mundial.”
Ele disse ainda que foge da realidade a justificativa de que o aumento do preço dos alimentos se deve exclusivamente ao aumento dos custos de produção, sem considerar a capacidade de fornecimento de insumos agropecuários.
Quanto à produção de biocombustíveis, o palestrante salientou a diferença em etanol (obtido através de milho e da cana-de-açúcar) e o biodiesel (que utiliza soja, mamona, pinhão manso, girassol, canola, palma, tungue, entre outros). “Acredito que a produção de etanol mundial continuará aumentando de forma gradativa e constante. Entretanto, quanto ao biodiesel, atualmente não existe no mundo, matéria-prima suficiente que possibilite um salto de produção, pois esse tipo de óleo, oriundo de determinadas culturas, tais como palma, canola e girassol, tem uma grande demanda interligada à alimentação humana.”
Segundo ele, a demanda mundial não tem como diminuir, especialmente, em função do mercado asiático e a pesquisa tem papel fundamental neste aspecto. “É preciso um aumento sustentável da produtividade mundial e a Embrapa e os demais institutos de pesquisa podem contribuir com isso.”