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País perde com a safrinha de milho e vai colher este ano menos que em 2007

<p>Com as geadas, as perdas na safrinha de milho somam, até agora, 1,3 milhão de toneladas no Paraná e 620 mil toneladas no Mato Grosso do Sul.</p>

Redação (01/07/2008)- O impacto na safra brasileira é pequeno: ao invés de colhermos 53,4 milhões de toneladas, colheremos 51,5 milhões. Se não ocorrerem novas geadas, teremos, no final, uma safra um pouco inferior à passada, de 52,3 milhões de toneladas, que foi uma grande safra. Até agora as perdas da safrinha do Paraná foram da ordem de 20% e as perdas no Mato Grosso do Sul atingiram 22%. A afirmação é do consultor do Centro de Estudos Agrícolas da Fundação Getulio Vargas, Mauro de Rezende Lopes.

Segundo o economista, o estrago para produtores de alguns municípios nos dois estados não produzirá grande abalo no suprimento de milho para o Sudoeste do Paraná e Oeste de Santa Catarina, onde se concentra o maior complexo agroindustrial do Brasil – e talvez um dos maiores do mundo – com abate de mais de dez milhões de aves/dia e exportações de mais de 80% do total das exportações de aves e suínos.

Para ele, a safrinha sempre teve uma importância estratégica para o abastecimento de toda essa região. Ela viabiliza a exportação de milho do Brasil, que somou no ano passado, 11 milhões de toneladas. As notícias acerca da safrinha podem reacender os ânimos dos consumidores gerando receio de que o preço do milho pudesse impactar o custo de produção de aves e suínos. A inflação e os custos de produção podem fazer o Brasil perder vantagem competitiva nas exportações. Mas com a safra de milho atual, o cereal não será o causador do problema de elevação de custos.

Os preços, contudo, voltaram a subir: de R$ 18,00 o saco, os negócios atingiram R$ 20,50. Várias empresas tentaram comprar em Goiás o milho, livre de qualquer ônus, a R$ 23,50 e não conseguiram lotes maiores. Um preço já bastante alto para o pico da safra. Em algumas regiões o preço chegou a atingir R$ 30,00 cedendo depois para um patamar de R$ 28,00. Esses preços não são explicados apenas pela redução da safrinha. Tem participação importante na formação deste preço o fato de que pelo menos uma grande integradora começou a comprar mais cedo o milho para formar seus estoques e reservas estratégicas dessa matéria-prima para a sua produção.

O governo ofereceu a compra de milho para estoques reguladores ao preço de R$ 20,00 e não foi feita a aquisição dos volumes esperados. Pelo contrário, frustrou-se a expectativa de formar estoque de reserva. Nessas condições as integradoras passaram a comprar mais cedo, como tem que ser. Não há duvida de que essa é a conduta mais correta. Se a integradora é vulnerável ao preço do milho é necessário que compre – no período da safra – reserva suficiente para garantir o suprimento de matéria-prima estratégica pois, num frango, 75% é milho. “É possível que todas as integradoras sigam o mesmo caminho, comprando o milho antecipadamente”, sugere Mauro Lopes. As informações são da assessoria de imprensa da Fundação Getulio Vargas – FGV.