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Alta de grãos pressiona Natal e terá "próspero ano novo"

<p>A avaliação é do presidente da Perdigão, Nildemar Secches, para quem o mercado de grãos passa por mudanças estruturais, devido à disputa biocombustíveis versus alimentos.</p>

Redação (18/12/2007)- A inflação provocada pela alta das commodities é um problema mundial e deve persistir. E por isso mesmo o governo brasileiro não deve usar o fato como pretexto para deixar de reduzir a taxa de juros. A avaliação é do presidente da Perdigão, Nildemar Secches, para quem o mercado de grãos passa por mudanças estruturais, devido à disputa biocombustíveis versus alimentos. 

"Os grãos subiram e vão continuar nesses preços por um bom período", afirmou, em encontro de fim de ano com jornalistas, em que preferiu temas macroeconômicos a falar sobre a empresa, que está em período de silêncio por conta da oferta primária de ações, para a aquisição da Eleva (ex-Avipal). 

Diferentemente das análises mais recorrentes, contudo, Secches acredita que a alta das commodities agrícolas favorece o Brasil porque "viabiliza o Centro-Oeste para os grãos". A razão é que o frete para transportar grãos da região aos portos para exportação é elevado, o que inviabiliza negócios num cenário de preços mais baixos para as commodities. "Vamos ter uma agricultura capitalista no Centro-Oeste", previu. Reconheceu, porém, que será preciso investir em infra-estrutura para atender ao crescimento da produção e da exportação de grãos na região. 

O presidente da Perdigão afirmou, ainda, que o preço internacional do milho, principal insumo da ração de aves e suínos, "não ficará abaixo de US$ 3,50 o bushel" e previu a cotação da soja, também ingrediente da ração, acima de US$ 10 o bushel na bolsa de Chicago. 

Outro resultado da alta das commodities agrícolas é que o milho e a soja ficaram competitivos em relação à cana, observou Secches. Isso é positivo para as indústrias de aves e suínos, já que o avanço da matéria-prima para produção de etanol no Centro-Oeste é uma preocupação para o setor. 

A valorização internacional dos grãos já se reflete nos preços dos produtos no fim deste ano e continuará a pesar no começo de 2008, admitiu Secches. A avaliação coincide com a do presidente do conselho de administração da Sadia, Walter Fontana, que na semana passada também previu alta de preços em 2008 em função da valorização dos grãos este ano, "sem pressão inflacionária adicional". 

O presidente da Perdigão também acredita que os preços do boi gordo devem seguir em patamares elevados ano que vem em função do expressivo abate de matrizes nos últimos anos, que reduziu a oferta de animais para engorda. 

"O preço do alimento no mundo mudou de patamar", disse. Para Secches, o governo precisará ter "habilidade para não deixar a taxa de juros elevada de maneira que aborte o crescimento do Brasil". Ele comparou os juros reais no Brasil, na casa dos 8% ao dos Estados Unidos, inferior a 2%, para defender a continuidade da redução da taxa por aqui. 

Ainda tratando de questões macroeconômicas, o executivo disse que o fim de ano está aquecido e que a expectativa é de um "ano bom para a economia em 2008". Secches afirmou, também, que a derrubada da CPMF, o imposto do cheque, no Senado, na semana passada, é uma oportunidade para o país fazer a reforma tributária e acrescentou que o fim da taxa trará problemas como queda na arrecadação. Apesar de considerar a CPMF um "mau tributo", ele ponderou que a não-aprovação acaba com um instrumento "fiscalizador importante".