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Projeções para o desenvolvimento do agronegócio

<p>Trata-se de um desafio formidável para a agropecuária mundial, e o Brasil tem importante papel a jogar neste cenário.</p>

Redação (14/12/2007)- É conhecido o trabalho da FAO segundo o qual, em 20 anos (de 2005 a 2025), será necessário produzir 42% mais de cereais e 41% mais de carnes para alimentar a humanidade. Também se sabe que o consumo de combustíveis líquidos deverá crescer 55% nos próximos 30 anos, exigindo um esforço adicional da agroenergia, visto que a produção de petróleo não acompanhará esta expectativa.
Trata-se de um desafio formidável para a agropecuária mundial, e o Brasil tem importante papel a jogar neste cenário.
Em recente trabalho organizado pela Assessoria de Gestão Estratégica do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), os competentes pesquisadores José Garcia Gasques e Eliana Teles Bastos deram indicadores bastante apropriados de como nosso país entrará nesta perspectiva, que, em termos agrícolas, não representa tão longo prazo, uma vez que demanda muito mais que apenas plantar: equipamentos, infra-estrutura e logística não se arrumam da noite para o dia.
Em sua nota, Gasques e Bastos deixaram claro que a metodologia utilizada em suas projeções partiu de modelos de séries temporais específicas, mas também contém uma parte subjetiva baseada na percepção, fruto do conhecimento de cada produto.
É interessante assinalar que o fator determinante para o crescimento de todos os produtos será o aumento de produtividade, em função de novas tecnologias, muito mais do que de novas áreas incorporadas. Tal expectativa é semelhante à da FAO, segundo a qual todo o aumento de safras nos próximos 20 anos crescerá 80% nas áreas já cultivadas e só 20% em novas áreas, e assim mesmo majoritariamente sobre pastagens degradadas.
O aumento total de área das principais lavouras, projetado para os próximos 12 anos, é de 17,60%, pouco menos dos 21% de crescimento observado nos últimos 15 anos. A tendência, portanto, se mantém mais ou menos no mesmo nível do passado recente.
Foram estudados 16 produtos e aquele que deverá ter o maior aumento é o etanol

Depois do etanol, cuja produção deverá saltar de 19 bilhões de litros neste ano para 41,6 bilhões ou até mais nos próximos 12 anos, vêm as culturas com maiores acréscimos projetados: algodão, milho e trigo, embora não sejam pequenas as projeções em feijão, mandioca, açúcar e soja. A única dúvida, de acordo com os pesquisadores, fica por conta do café, dada sua característica de bianualidade produtiva, o que dificulta as previsões mais consistentes.
Em 2017/18, a safra do milho poderá chegar perto de 65 milhões de toneladas, 31% mais do que na safra colhida este ano.
O algodão saltará de 2,3 milhões para 3,5 milhões de toneladas; o arroz de 11,3 milhões para 13,1 milhões de toneladas; a soja de 57 milhões para 75 milhões (grãos); o trigo de 4,1milhões para 5,03 milhões, e assim por diante.
Também as carnes deverão ter um significativo incremento, bem como o leite, todos proteínas animais. O maior crescimento será na carne de frango, saltando de 9,8 milhões para 14,4 milhões de toneladas, um aumento de 46,8%. É possível que em cinco anos a produção de carne de frango seja maior do que a bovina no País, uma vez que esta saltará dos atuais 10,6 milhões para 13,9 milhões de toneladas (mais 31,5%). O leite irá de 26,7 bilhões de litros para 33 bilhões (mais 24%). E, nos últimos três anos, o Brasil, de importador de leite, já passou a exportador.
Com toda esta expectativa, fica evidente a capacidade de aumento das nossas exportações no período, atendendo ao crescimento da demanda já referida.
As projeções para etanol são de um aumento de exportações de 223%. Também crescerão em 60,6% as exportações de milho (de 7,5 milhões de toneladas para 12 milhões). As de carnes crescerão muito: a bovina irá de 2,3 milhões de toneladas para 4,4 milhões, aumentando 97,5%. A suína aumentará 94,7% e a de frango, quase 50%.
O aumento das exportações de soja será de 40% e o das do algodão, 93,5%, bem como o das do açúcar, 60%.
São expectativas promissoras para este setor, que já representa, hoje, 92% do nosso saldo comercial, embora some apenas 36% do valor de todas as exportações brasileiras. Isto significa que o setor é grandemente superavitário. Não é desejável que isto dure para sempre, porque o País precisa se desenvolver mais competitivamente em outras áreas. Mas, dado nosso potencial de crescimento no campo, ainda será por muito tempo que o Brasil vai precisar da formidável contribuição dos produtores rurais.
kicker: Dependeremos da formidável contribuição dos produtores rurais por muito tempo

Roberto Rodrigues: Coordenador do Centro de Agronegócio da FGV, presidente do Conselho Superior de Agronegócio da Fiesp e professor de Economia Rural da Unesp/Jaboticabal.