Redação SI (11/10/2007) – A circovirose se tornou a principal enfermidade hoje da suinocultura brasileira. Ela afeta o suíno em todas as fases e tem um impacto econômico muito forte. Não há estimativas oficiais no Brasil sobre os prejuízos causados por ela. Na União Européia, eles chegaram a 600 milhões de euros no ano passado. “Um prejuízo enorme por causa de uma doença”, contabiliza a pesquisadora da Embrapa Suínos e Aves, Janice Zanella.
A ação do vírus da circovirose reduz a imunidade dos animais. Com isto, abre espaço para infecções secundárias, agravando outras enfermidades. Segundo a pesquisadora, mesmo a ação de antimicrobianos ou programas vacinais tem sua eficácia reduzida ao serem aplicados em propriedades com a presença do circovirus. Uma vacina específica para PCV2 (vírus da circovirose) só foi lançada no Brasil em 2007. No mundo, as vacinas chegaram ao mercado também há pouco tempo, pouco mais de um ano.
O Brasil não possui nenhum estudo sistemático sobre a prevalência desta enfermidade em seu território. Porém, ela tem sido encontrada nas principais regiões produtoras de suínos. Para Janice, seria possível estimar que entre 60% e 70% da produção brasileira é hoje afetada pela circovirose. Em Minas Gerais, um recente estudo apontou que 80% das granjas visitadas apresentaram resultados positivos para o circovirus. A pesquisa, no entanto, não abrange todas as propriedades mineiras, mas sim um universo bem menor dentro da representatividade da suinocultura do Estado.
Pior fase – Para a pesquisadora da Embrapa Suínos e Aves, a pior fase da circovirose no Brasil ocorreu no período 2000/2003. Depois desde período, a aplicação de controle sobre os fatores de risco responsáveis pela enfermidade, assim como de doenças secundárias, reduziu um pouco o seu impacto na produção.
Não há uma certeza no meio científico de como esta doença de uma hora para outra se disseminou e passou a ter importância dentro da produção suinícola brasileira. O primeiro diagnóstico foi realizado pela Embrapa Suínos e Aves, localizada em Santa Catarina, em 2000. Porém, já se tinha registro da doença no Brasil desde 1988, mais de uma década antes do primeiro diagnóstico. As causas, segundo Janice, podem ser várias. Um outro agente infeccioso que o potencializou, excesso de densidade etc. “É uma pergunta que acredito iremos demorar para ter a resposta”.