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Endividamento exclui 70% dos produtores da oferta de crédito

<p>Dos 400 mil clientes empresariais do BB, apenas 125 mil terão acesso aos financiamentos. Em torno de 70% da agricultura empresarial brasileira não têm acesso ao crédito para comprar máquinas ou implementos agrícolas.</p>

Redação (07/05/07) –  Levantamento feito pelo Banco do Brasil – que detêm 58% de participação no crédito concedido ao setor – estima que, dos seus 400 mil clientes rurais, apenas 125 mil (31%) dispõem de limite para esse tipo de investimento. Juntos, eles somam crédito de R$ 2 bilhões, dos quais R$ 450 milhões estão entre os agricultores paranaenses, o maior limite do Brasil. E a realidade se estende a todas as outras instituições financeiras, conforme alerta Carlos Sperotto, presidente da Comissão Nacional de Endividamento da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). "Em qualquer banco que esse produtor busque financiamento, será levantada sua capacidade de pagamento, ou seja, a restrição existe em qualquer instituição, não só no Banco do Brasil", avalia.

Marcelo Guedes, gerente de Divisão da Diretoria de Agronegócio do BB, explica que entre esses clientes com crédito aprovado, há os que estão capitalizados e, por isso, dispensam os financiamentos. Há também os que renegociaram as dívidas das safras 2004 e 2005 mas, ainda assim, mantiveram alguma margem para investimento.

Ele explica que não há outra referência de anos anteriores do BB sobre esse limite, pois esse levantamento foi realizado em 2007 para dimensionar o impacto da última renegociação, feita no ano passado, e que contabilizou o valor de R$ 9,8 bilhões (Programa Especial de Saneamento de Ativos – Pesa – e Securitização), quase cinco vezes superior ao limite de crédito identificado pelo BB. Depois do Paraná, o Rio Grande do Sul é o estado que tem o maior limite de crédito (R$ 390 milhões). Junto com Santa Catarina (R$ 157 milhões), os três estados do Sul detêm metade do limite nacional da carteira do BB para aquisição de máquinas e implementos (R$ 997 milhões).

Mas, o fato de os paranaenses estarem em situação mais favorável nas estatísticas não significa que estão em melhor condição, segundo o economista da Federação da Agricultura do Paraná (Faep), Pedro Loyola. "Estimamos que 10% do total de produtores paranaenses (de um total de 110 mil) estejam sem nenhuma dívida", avalia. Ele afirma que apesar de neste ano a rentabilidade indicar melhora, há cinco safras (duas de verão e três de inverno), o produtor paranaense tem tido problemas no campo, sejam climáticos ou de preço. O valor bruto da produção agrícola do Estado foi de R$ 24 bilhões em 2006, queda de 26% em três anos.