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Produtores acusam brasileiros de dumping na venda de carne suína

<p>Mais um produto brasileiro vai encontrar barreiras na Argentina.</p>

Redação (10/01/07) – Os produtores argentinos de carne suína obtiveram um sinal positivo do governo para a imposição de barreiras à importação da carne brasileira, informou ontem ao Valor o presidente da Associação Argentina de Produtores Porcinos (AAPP), Raul Vicente. A Secretaria de Agricultura ligada ao Ministério de Economia, confirmou à agência Dow Jones Newswire que o órgão está finalizando uma resolução para implantar um “monitoramento” da entrada de carne suína proveniente do Brasil. Por esse monitoramento, todos os embarques do exterior pelos frigoríficos terão de passar por uma avaliação prévia das autoridades argentinas.

A Argentina importou 18 mil toneladas métricas de carne suína em 2006, dos quais 90% vieram do Brasil, em sua grande maioria do Estado de Santa Catarina. Raul Vicente disse que a carne suína brasileira está entrando na Argentina ao preço de aproximadamente 3 pesos o quilo, enquanto o custo de produção local estaria entre 3 e 3,20 pesos mais impostos. “Pedimos ao governo que corte as importações do Brasil”, disse o presidente da entidade, que acusa o produto brasileiro de dumping.

De acordo com Vicente, os produtores estão enfrentando fortes perdas com o aumento dos custos de produção, principalmente do milho que alimenta os animais, cuja cotação disparou no último ano. A produção de carne suína argentina atingiu 270 mil toneladas no ano passado e, em função de investimentos realizados nos últimos dois anos, os estoques cresceram entre 30% e 40% no período. No entanto, os frigoríficos dizem que não há carne suficiente para abastecer o mercado interno e ampliaram as importações.

O caso surge ao mesmo tempo em que se divulgou uma ação da Argentina contra o Brasil na Organização Mundial de Comércio (OMC) pela abertura de um processo antidumping contra a importação de resinas PET. Mas para o secretário de Relações Econômicas Internacionais do Ministério de Relações Exteriores da Argentina, Alfredo Chiaradia, a briga em torno da carne suína não passa de mais um caso. “Sim, é um problema, mas é a vida. É ruim para o comércio, mas não é grave”, afirmou Chiaradia.

Para ele, há um excesso de pessimismo em torno de corriqueiras disputas comerciais entre Brasil e Argentina, inflamadas pela mídia. Chiaradia sustenta que as relações comerciais entre os dois maiores sócios do Mercosul “estão muito boas” e casos como o da resina PET foram levados à OMC por falta de uma regulamentação própria do Mercosul para resolver questões de antidumping. “Há alguns pequenos problemas que vamos resolvendo, há duas ou tres questões, mas em geral (as relações) são muito boas.”