Redação (19/12/06) – O presidente do sindicato patronal dos criadores de aves de Santa Catarina (Sintravesc), Valdemar Kovaleski, diz que grande parte das granjas vai fechar 2006 no vermelho. Houve queda de faturamento ao mesmo tempo em que aumentaram as exigências por parte das agroindústrias de novos investimentos nos aviários, a fim de reforçar a segurança como prevenção à gripe aviária.
Segundo Kovaleski, a partir de maio, quando houve retração na demanda por aves na Europa – reflexo do temor da gripe aviária -, as granjas tiveram de aumentar o tempo de vazio sanitário, que é o período de intervalo entre a colocação dos lotes de aves para criação. Com o giro menor, o faturamento foi afetado. O agravante é que parte dos granjeiros havia investido em novos aviários.
A indústria também fez revezamento de lotes entre granjas. De lá para cá, diz Kovaleski, a situação para o produtor não melhorou, nem com as festas de fim de ano. O motivo é que as indústrias se estocam ao longo do ano para o período de maior demanda.
De acordo com produtores, o vazio sanitário entre um lote de aves para alojamento e outro ficou em média em 70 dias neste ano, mas há casos de até 110 dias de intervalo. Normalmente, o vazio sanitário era de 30 dias.
Além do vazio sanitário mais longo, os produtores reclamam que a remuneração na maior parte dos casos também caiu porque algumas empresas alteraram a forma de pagamento, sendo mais rigorosas no controle da produtividade. Como ganham um percentual do que produzem, um integrado afirmou que em média recebe como remuneração 5% do total de quilos de ave viva que entrega para o abate, mas esse percentual sobe ou desce conforme o volume de sua produção em relação aos custos, segundo parâmetros que a empresa calcula.
A produção de peru em Santa Catarina está integrada à Sadia principalmente, que mantém uma planta de abate no oeste do Estado. De acordo com o Sintravesc, são 13 mil produtores de aves no Estado, entre criadores de peru e frango.
A engorda de um peru pode levar 180 dias ou 60 dias. No primeiro caso, são perus para cortes. No segundo, são perus menores, vendidos inteiros, no mercado interno. A produção de perus é feita dentro do sistema de integração em Santa Catarina. O integrado é o responsável pela manutenção dos aviários e pelos novos investimento nas instalações. Neste ano, por exemplo, tiveram de trocar as telas dos aviários – para um tipo com furos bem pequenos – como medida de prevenção à gripe aviária.
Como reflexo do maior período de vazio sanitário, criadores de perus que recebiam ao longo de um ano três a quatro lotes de aves, afirmam que em 2006 receberam apenas dois. Um produtor calcula que sua renda caiu mais da metade em relação a 2005, por causa da menor quantidade de aves alojadas e da nova forma de remuneração.
Apesar da conjuntura difícil, os produtores ouvidos não pretendem deixar a atividade em 2007. Acreditam que a produção de peru é mais lucrativa do que a de frango por necessitar de menos mão-de-obra. Além disso, o peru é mais resistente ao calor, e a mortalidade é menor em períodos quentes.
Segundo Kovaleski, há uma preocupação com o efeito em cascata que a conjuntura desfavorável provoca, como a migração do campo para a cidade e o desinteresse de herdeiros pela criação de aves. No próximo dia 20, os produtores farão uma assembléia para reivindicar situação melhor junto às indústrias para 2007.