Redação (07/12/06) – A Associação Nacional dos Fabricantes dos Veículos Automotores (Anfavea) divulgou ontem números que mostram recuperação gradual nas vendas internas. Novembro foi o sétimo mês positivo, com 46,4% de aumento no comércio. No acumulado de 11 meses, a recuperação do setor ficou em 8,9%. Na avaliação da Anfavea, os índices continuarão em alta no ano que vem, elevando as vendas internas em 14%, de 25,5 mil para 29 mil máquinas agrícolas.
Os números de 2006 são positivos o suficiente para se dizer que o pior já passou, avalia o vice-presidente da Anfavea, Pérsio Luiz Pastre, que monitora o setor agrícola. Considerando que os dois últimos anos foram de crise, a elevação representa pouco. O agricultor não está conseguindo investir na mecanização agrícola, conclui. Para a situação ser considerada boa, ele diz que as vendas precisam chegar a 35 mil máquinas por ano. Em 2002, foram vendidas 42 mil unidades.
A vendas internas foram melhores que as exportações, que caíram 30,4% neste ano, na comparação com o período de janeiro a novembro do ano passado. Por mês, são exportadas cerca de 700 máquinas a menos que em 2005. Para o mercado internacional, a Anfavea não prevê recuperação durante 2007.
Ociosidade
Diante da queda nas exportações e do crescimento lento nas vendas internas, a indústria reduziu a produção e opera com grande folga. Nem metade da estrutura vem sendo usada para a fabricação de 25 mil máquinas por ano. No Rio Grande do Sul, estado que poderia produzir sozinho o total comercializado no país, 9 mil pessoas foram demitidas neste ano, segundo o Sindicato das Indústrias de Máquinas e Implementos Agrícolas gaúcho.
O aumento nas vendas internas é puxado pela ampliação das lavouras de cana-de-açúcar no Sudeste e pelas boas perspectivas para a produção de grãos no Sul e no Centro-Oeste, avalia Pastre. O Sul começa a tomar fôlego e a tendência é de melhora: o custo de produção caiu, o câmbio deve se manter até a colheita de verão, há segurança contra pragas e a meteorologia prevê chuvas.
Na montadora de tratores e colheitadeiras Case-New Holland, instalada na Cidade Industrial de Curitiba, até outubro as vendas ao mercado interno somaram 3,7 mil máquinas. A produção, no entanto, foi de 6,9 mil tratores e 695 colheitadeiras. As 3.524 máquinas exportadas entre janeiro e outubro representam três vezes o volume embarcado em 2002. Os diretores da empresa devem falar na próxima semana sobre os novos números da Anfavea e as tendências para 2007. A empresa direcionou parte do excedente à exportação.
Apesar da retomada prevista para 2007, “não há perspectiva de abertura de vagas”, diz Francisco Matturo, da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas (Abimaq). Ele diz que elevação gradual nas vendas teve pouco impacto na receita. “O faturamento em anos bons é de R$ 1 bilhão, e neste ano teremos R$ 400 milhões”, compara.
Fábrica cancela férias para atender pedidos
As previsões otimistas mudaram os planos da fabricante de pulverizadores e outros implementos Montana, de São José dos Pinhais. A fábrica paranaense cancelou as férias coletivas. “Vamos passar o fim de ano trabalhando para cumprir contratos. Estamos com a produção vendida até fevereiro”, diz o presidente, Gilberto Zancopé.
O ano começou ruim para a empresa. Zancopé conta que o faturamento caiu 35% no primeiro semestre. Além disso, as vendas não estariam tão boas quanto parecem. As 300 máquinas vendidas em 2006 representam metade das entregas de 2004. “É que o cenário mudou em agosto. Outubro foi ótimo e novembro, maravilhoso”, conta.
A marca de tratores italiana Landini, que a Montana passou a fabricar neste ano por meio de uma joint-venture, teve sua estréia frustrada. Até agora, foram vendidas 70 unidades o plano era colocar 200 tratores nas fazendas para que servissem de propaganda. Mesmo assim, Zancopé mantém o bom ânimo. “Os produtores estão há 2,5 anos sem fazer compras. Acredito que o setor deve crescer em 2007 entre 30% e 50%”, diz.
Cascavel prevê reviravolta em fevereiro
Na Região Oeste, as revendedoras de máquinas agrícolas respiram mais aliviadas, mas ainda guardam fôlego para fevereiro. É no Show Rural de Cascavel que as concessionárias mais fazem promoções, e parte dos produtores prefere esperar. Depois de dois anos de contenção, os agricultores retomaram as consultas de preço, principalmente de tratores e implementos agrícolas.
O agricultor Valdemiro Caríssime, de Santa Tereza do Oeste, se adiantou e decidiu investir na renovação da frota já neste ano. Ele trocou seu trator New Holland de 1989 por um modelo 2006.
“Eu tinha que trocar. Consegui dar o antigo como entrada e financiei o resto”, diz. Caso raro, ele conta que não tinha dívidas porque conseguiu honrar os compromissos das safras passadas. “Os preços dos produtos agrícolas melhoraram neste mês, mas não se sabe se os valores vão permanecer lá na frente”, pondera.