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Planejamento e organização determinarão rentabilidade da avicultura no próximo ano, diz Kaefer

<p>Presidente da Globoaves prevê tímido aumento das exportações avícolas brasileiras em 2007, a manutenção do consumo per capita de carne de frango no mercado interno e alerta para a tendência de elevação do preço do milho e da soja.</p>

Redação 01/12/06 – Organização e cautela são as palavras de ordem para a avicultura brasileira em 2007. A inesperada redução do consumo mundial de carne de frango reflexo do avanço da gripe aviária pelo mundo significou grandes prejuízos para o setor avícola brasileiro em 2006. Só para ficar nas duas maiores agroindústrias brasileiras, Sadia e Perdigão registraram, no primeiro trimestre do ano, uma redução em seus lucros de 33% e 85% respectivamente.

A recomendação é ajustar a oferta de carne de frango à demanda dos mercados interno e externo, para que o setor possa operar com rentabilidade no próximo ano. “A avicultura brasileira precisa promover um alojamento de 400 milhões de pintos de corte. É absolutamente necessário que não ultrapassemos esse número. Caso contrário, poderemos ter uma queda muito acentuada dos preços de nossos produtos em 2007”, adverte Roberto Kaefer, diretor-presidente da Globoaves.

As perspectivas do setor avícola para 2007 são pouco animadoras. Não há previsão de grandes aumentos das exportações, o consumo interno de carne de frango deve se manter estável e a tendência é de elevação nos preços dos principais insumos do setor avícola milho e soja por conta de sua utilização na produção de etanol e biodiesel, o que significará custos de produção mais puxados em 2007.

O Brasil deve fechar o ano de 2006 com uma produção de 9,4 milhões de toneladas. Desse total, 2,7 milhões de toneladas ou 27% da produção – foram enviadas ao mercado externo. O consumo per capita de carne de frango no Brasil, cresceu 2,7% em 2006, atingindo a marca de 36,7 quilos por habitante ao ano. “O crescimento do consumo per capita de carne de frango está vinculado aos baixos preços de nosso produto ao longo do ano, sobretudo, no primeiro trimestre”, avalia Kaefer.

Segundo o executivo da Globoaves, numa previsão “realista”, a avicultura brasileira manterá esse consumo per capita em 2007. Kaefer também prevê um crescimento bastante “comedido” para as exportações avícolas brasileiras no próximo ano. De acordo com ele, os embarques de carne de frango brasileiros devem encerar os próximos 12 meses totalizando 2,7 milhões de toneladas, ou seja, apenas 100 mil toneladas a mais do que o previsto para este ano. “Numa visão um pouco mais otimista poderemos encerrar 2007 com 2,8 milhões de toneladas de carne de frango exportadas. Não podemos perder de vista que o Egito e a China salvaram as exportações brasileiras neste ano”.

Insumos e a concorrência de outras proteínas
Kaefer também chama atenção para a tendência de alta do preço do milho em 2007. Segundo ele, a crescente demanda de milho para a produção do etanol nos EUA certamente elevará a cotação do insumo no mercado brasileiro. “Pelas previsões teremos uma safra apertada em 2007 e temos que levar em consideração que as exportações de milho brasileiro podem agravar essa situação”, pondera.

A concorrência de outras proteínas de origem animal permanecerá forte no próximo ano na opinião do executivo da Globoaves. Kaefer argumenta que os preços da carne bovina vêm (e continuarão) caindo e que a manutenção do embargo russo à carne suína brasileira e conseqüente elevação dos estoques – deve significar que seus preços continuarão convidativos no próximo ano.

Em contrapartida, Kaefer ressalta que importantes mercados compradores do frango brasileiro poderão aumentar suas importações em 2007. Segundo ele, China e Rússia dão sinais de aquecimento da demanda interna de carne de frango. Já o México que quer reduzir sua dependência dos EUA – e a Venezuela já demonstraram, segundo Kaefer, interesse em elevar a compra da carne de frango brasileira. O Oriente Médio, por sua vez, que reduziu seu consumo de produtos avícolas por conta da Influenza Aviária, deve retomar os patamares de consumo de anos anteriores. O Brasil detém hoje 22,6% do mercado internacional de carne de frango.

A expansão da população mundial e da renda média em alguns países, sobretudo os em desenvolvimento, acredita Kaefer, vai aumentar o consumo mundial de carnes. “Fato que naturalmente trará impactos positivos para a avicultura brasileira”, comenta.
Segundo ele, dos 6,5 bilhões de pessoas que vivem no mundo hoje, 2,5 bilhões sobrevivem com uma renda inferior a 130 dólares por mês. “A primeira coisa que uma pessoa de baixa renda faz quando passa a ganhar mais é aumentar seu consumo de proteína animal”, argumenta.

Ano difícil – Para Kaefer, o segmento avícola viveu em 2006, uma das piores crises de sua história. A retração do consumo mundial de carne de frango, agravada pela defasagem cambial da moeda brasileira, derrubou as exportações brasileiras do produto. Obrigado a redirecionar o volume não exportado para o mercado interno, o setor viu os preços de seus produtos recuarem e sua rentabilidade encolher.

Em maio de 2006, para se ter uma idéia, um quilo de carne de frango era vendido a 99 centavos de Real no Brasil. “Apenas no primeiro semestre de 2006, a avicultura brasileira registrou um prejuízo de R$ 938 milhões”, afirma Vitor Hugo Brandalize, diretor técnico da Globoaves. Segundo ele, a queda no consumo mundial significará a redução de 1,3 milhão de toneladas de carne de frango no mercado mundial em 2006.

Kaefer vê na organização e no planejamento do setor, a chave para evitar sobressaltos em 2007. “A avicultura brasileira conta com levantamentos de números, dados e informações que a permite promover projeções e elaborar estratégias”, afirma. “É fundamental que o setor se organize, através da UBA e da CIA, para antever cenários e para não repetir em 2007 os mesmo erros cometidos em 2006. Temos que ter os pés no chão e organização para garantir rentabilidade ao nosso negócio no próximo ano”, adverte Kaefer.