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Frigorífico em SC exporta menos

<p>Redução nos negócios faz empresas cortarem investimentos e adiarem contratações.</p>

Redação (22/11/06) – Os efeitos da gripe aviária no mundo, do embargo russo e da desvalorização cambial já podem ser dimensionados em Santa Catarina. O agronegócio catarinense freou as exportações de suínos e aves e deixou de faturar o equivalente a US$ 296,2 milhões entre janeiro e outubro. Os dados são da Secretaria de Comércio Exterior e se baseiam na comparação com os primeiros dez meses de 2005.

A indústria alimentícia está criando menos oportunidades de trabalho. Dados do Ministério do Trabalho mostram que, entre janeiro e setembro, foram abertos 1.761 postos de trabalho, 62,5% a menos que os 4.699 dos mesmos meses de 2005.

Até outubro, os frigoríficos catarinenses embarcaram US$ 651 milhões em carnes e derivados de frango, uma queda de 16,54% em relação ao ano passado. Com os suínos, os efeitos foram ainda piores. Sem a Rússia, principal importador do produto catarinense, as agroindústrias exportaram US$ 237,3 milhões, ou seja, 41,33% menos que no mesmo período de 2005.

Em 2005, a Aurora obteve 25% do faturamento a partir das exportações de aves e suínos. Com a crise, a meta estabelecida – chegar aos 30% – não deve mais ser alcançada em 2006. A empresa adiou investimentos de R$ 100 milhões na implantação de uma nova linha de abate de aves, em Maravilha.

A redução nas exportações de carne ajudou a encolher o lucro líquido da Sadia. Entre janeiro e setembro, o resultado foi de R$ 153,6 milhões, 63,7% a menos que no mesmo período de 2005. Os embarques de carne suína caíram 25%. As de aves encolheram 1,8%,

No momento em que o mercado asiático trancou as importações de frango, temendo a proliferação da gripe aviária, a Bondio Alimentos, de Guatambu, no Oeste do Estado, tomou uma medida alternativa. Estocou toda a produção direcionada aos asiáticos e aguardou pela reação do mercado. Mil toneladas de cortes nobres de frango permaneceram em câmaras frias, à espera de compradores.

“Voamos contra o vento. Não reduzimos a produção, apesar de o Japão cancelar os contratos. Para desovar o estoque, negociamos e passamos a vender para o Oriente Médio”, disse a responsável pelo setor de comércio exterior da empresa, Inocência Boita Dalbosco.

Alegria para o consumidor, tristeza para o produtor

Menos negócios no exterior, mais carne no mercado interno. Com a grande oferta de carne disponível, o consumidor está pagando menos pela carne suína. A queda acumulada no ano é de 15,17%, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O preço também caiu para os produtores. O quilo vivo de suíno está custando R$ 1,50, 27% a menos que em dezembro de 2005, segundo o Centro de Estudos de Safras e Mercado (Cepa). Os criadores enfrentam uma situação dramática. “Há casos de suinocultores que não têm dinheiro suficiente para comprar milho para alimentar os animais. O quadro ficou ainda pior agora, com o aumento no preço da soja e do milho”, diz o presidente da Associação Catarinense dos Criadores de Suínos (ACCS), Wolmir de Souza.

Para o presidente da Associação Catarinense de Avicultura (Acav), Ronaldo Muller, o pior momento de crise já passou. “A tendência é de o cenário melhorar em 2007, desde que haja preocupação com o volume de alojamentos. Se alojarmos demais, vamos ter mais problemas no futuro”, afirma.

O presidente do Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados de Santa Catarina (Sindicarnes-SC), Paulo Ernani de Oliveira, diz que, em razão do momento difícil, os frigoríficos catarinenses chegaram reduzir a produção de aves em 10%, em média.