Redação (17/11/06) – “A tendência é de recuperação. Mas talvez os frigoríficos operem com margens menores por conta da resistência dos consumidores a aumentos nos preços”, diz José Vicente Ferraz, diretor do Instituto FNP e da Agra-FNP.
Para Fernando Homem de Melo, professor da FEA/USP, alta dos grãos e demanda externa forte impulsionarão a área |
Ele observa que o governo se interessa em promover o desenvolvimento macroeconômico, o que pode incrementar a demanda. Neste ano, a melhora na distribuição de renda nas classes mais baixas favoreceu o consumo de carne de frango, mas o achatamento da renda da classe média restringiu as vendas de carne bovina e suína.
Para Fernando Homem de Melo, professor titular da Faculdades de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA/USP), a demanda crescente por proteínas no exterior e alta nos preços de grãos (matéria-prima para rações) tendem a empurrar as cotações da carne para cima. “A recuperação do setor de carnes virá à reboque com os grãos”.
Ele observa, no entanto, que o segmento seguirá extremamente dependente do desempenho no exterior. Antonio Camardelli, diretor-executivo da Abiec, entidade que reúne exportadores de carne bovina, prevê para o segmento uma “reversão progressiva do efeito aftosa”, com recuperação total de mercados e entrada no bloco europeu com o novo programa de rastreabilidade. “Argentina, Paraguai e Austrália têm oferta limitada para exportar. O ”petróleo vermelho” é nosso”, comemora ele.
De janeiro a outubro, as exportações de carne bovina renderam US$ 3,2 bilhões, 22,9% mais que no mesmo período de 2005. Para o acumulado de 2006, a Abiec prevê US$ 3,9 bilhões, ante US$ 3,1 bilhões no ano passado. Camardelli diz que, a despeito da crise gerada por conta do ressurgimento da aftosa no Mato Grosso do Sul e no Paraná, em 2005, os frigoríficos reforçaram investimentos, inclusive no exterior, com aquisições no Chile (Marfrig), Uruguai (Marfrig e Bertin) e Argentina (Friboi e Marfrig).
Na área de frango, as indústrias também prevêem um 2007 melhor, com preços mais atraentes e aumento da demanda internacional. As líderes de mercado Sadia e Perdigão, já apontaram melhora em seus resultados no terceiro trimestre por conta desses movimentos. Mas, para Ferraz, da FNP, a gripe aviária segue como um problema latente. “Um novo surto pode surgir e derrubar novamente o mercado”, pondera.
Segundo a Abef (entidade que reúne exportadores de carne de frango), o surto de influenza na Europa no primeiro trimestre derrubou as exportações. Até outubro, as vendas externas recuaram 10,2% sobre igual intervalo de 2005, para US$ 2,6 bilhões. Para o ano, a entidade prevê retração de 12,1%.
Já o cenário para o segmento de carne suína segue incerto. A Rússia, destino de mais da metade das exportações do país, mantém o embargo a Santa Catarina, que abriga um dos maiores pólos de suínos do país. “A Rússia costuma surpreender. Mas se o setor conseguir mais flexibilização, pode se recuperar o ano que vem”, diz Ferraz. A Abipecs, que reúne exportadores, crê no fim do embargo e na retomada, em 2007, dos níveis de exportação de 2005 (625 mil toneladas). Até outubro de 2006, os embarques caíram 15,9%, gerando US$ 849,9 milhões. (CB)