Redação SI 10/08/2006 – A Rússia retoma, a partir de hoje, as importações de carne bovina e suína do Mato Grosso, suspensas devido aos focos de febre aftosa no vizinho Mato Grosso do Sul e no Paraná. Os embarques de carne bovina serão os mais beneficiados, pois o estado tem 15 frigoríficos exportadores, que vão se somar à s 12 unidades de Rondônia, Tocantins, Rio de Janeiro, Espírito Santo e do Rio Grande do Sul que podem vender à Rússia.
As exportações de carne suína para o país terão menos impacto, pois o estado tem apenas um frigorífico habilitado para exportar. A autorização é retroativa à produção de 1 de agosto. Com a retomada das vendas externas do Mato Grosso, as exportações de carne bovina para a Rússia poderão chegar a 30 mil toneladas, em agosto, e a 40 mil toneladas, em setembro, segundo a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec). Os volumes representam crescimento de 35% e 80%, respectivamente, em relação à s 22,238 milhões exportadas
O presidente do Fórum Permanente de Pecuária de Corte da Confederação Nacional de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Antenor Nogueira, avalia como ”normal” a liberação gradual da exportação pela Rússia. “É um passo normal os russos irem retomando os mercados exportadores”, afirma. Para o analista Fabiano Tito Rosa, da Scot Consultoria, os preços da arroba do boi gordo deverão reagir com a volta das exportações do Mato Grosso para a Rússia. Depois de subir 14%
Segundo a Scot Consultoria, após o ressurgimento da aftosa no País, o Mato Grosso saiu da posição de quarto estado exportador e passou a dividir o segundo lugar com Goiás e Rio Grande do Sul.
Insatisfação
A notícia de flexibilização do embargo russo não foi recebida pelo setor de suínos com a mesma comemoração dos exportadores de carne bovina. “Estou perplexo”, diz o presidente da Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Carne Bovina (Abipecs), Pedro de Camargo Neto. Segundo ele, não existe explicação técnica para que Mato Grosso seja liberado, mas a suspensão continue para os demais Estados embargados que não tiveram focos de aftosa.
O embargo russo foi a principal causa para a queda de 26,93% na receita de embarques de carne suína de janeiro a julho, para US$ 489 milhões, e de 28,8% no volume, para 251,167 mil toneladas. Em julho, a receita caiu 32,1%, para US$$ 79 milhões, e o volume, 35,3%, para 39,386 mil toneladas. “Exportávamos, em média, 50 mil toneladas mensais para a Rússia”, diz Camargo.