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Rússia libera exportações do MT

<p>Decisão entra em vigor hoje (10/08) e beneficia 15 frigoríficos de carne bovina, mas só um de carne suína. </p><p></p><p></p>

Redação SI 10/08/2006 – A Rússia retoma, a partir de hoje, as importações de carne bovina e suína do Mato Grosso, suspensas devido aos focos de febre aftosa no vizinho Mato Grosso do Sul e no Paraná. Os embarques de carne bovina serão os mais beneficiados, pois o estado tem 15 frigoríficos exportadores, que vão se somar à s 12 unidades de Rondônia, Tocantins, Rio de Janeiro, Espírito Santo e do Rio Grande do Sul que podem vender à Rússia.

 

As exportações de carne suína para o país terão menos impacto, pois o estado tem apenas um frigorífico habilitado para exportar. A autorização é retroativa à produção de 1 de agosto. Com a retomada das vendas externas do Mato Grosso, as exportações de carne bovina para a Rússia poderão chegar a 30 mil toneladas, em agosto, e a 40 mil toneladas, em setembro, segundo a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec). Os volumes representam crescimento de 35% e 80%, respectivamente, em relação à s 22,238 milhões exportadas em julho.

 

As exportações de carne bovina para a Rússia caíram 27,51% de janeiro a julho, para 171,063 mil toneladas, ante o mesmo intervalo do ano passado. “Esperamos que os demais estados embargados que não tiveram focos de aftosa sejam liberados no relatório que a missão russa fará após concluir a visita ao Brasil”, afirma o diretor executivo da Abiec, Antonio Camardelli. A comitiva russa estará no Brasil até o início da próxima semana. Camardelli diz não saber por que Mato Grosso foi escolhido pela Rússia para retomar as exportações, mesmo que não houve casos da doença em Minas Gerais, Goiás, Santa Catarina e São Paulo, que continuam embargados. No primeiro semestre, a Rússia liberou as importações do Rio Grande do Sul.

 

O presidente do Fórum Permanente de Pecuária de Corte da Confederação Nacional de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Antenor Nogueira, avalia como ”normal” a liberação gradual da exportação pela Rússia. “É um passo normal os russos irem retomando os mercados exportadores”, afirma. Para o analista Fabiano Tito Rosa, da Scot Consultoria, os preços da arroba do boi gordo deverão reagir com a volta das exportações do Mato Grosso para a Rússia. Depois de subir 14% em São Paulo, em 30 dias, para R$ 57, por causa da entressafra, os preços se estabilizaram com rumores de novo foco no Mato Grosso do Sul. “A notícia da liberação do Mato Grosso deve estimular produtores a reter a oferta de gado”, diz Rosa.

 

Segundo a Scot Consultoria, após o ressurgimento da aftosa no País, o Mato Grosso saiu da posição de quarto estado exportador e passou a dividir o segundo lugar com Goiás e Rio Grande do Sul.

 

Insatisfação

 

A notícia de flexibilização do embargo russo não foi recebida pelo setor de suínos com a mesma comemoração dos exportadores de carne bovina. “Estou perplexo”, diz o presidente da Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Carne Bovina (Abipecs), Pedro de Camargo Neto. Segundo ele, não existe explicação técnica para que Mato Grosso seja liberado, mas a suspensão continue para os demais Estados embargados que não tiveram focos de aftosa.

 

O embargo russo foi a principal causa para a queda de 26,93% na receita de embarques de carne suína de janeiro a julho, para US$ 489 milhões, e de 28,8% no volume, para 251,167 mil toneladas. Em julho, a receita caiu 32,1%, para US$$ 79 milhões, e o volume, 35,3%, para 39,386 mil toneladas. “Exportávamos, em média, 50 mil toneladas mensais para a Rússia”, diz Camargo.