Redação (24/07/06) – Só no Governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o País passou por três grandes “apertos” na área animal e vegetal.
O primeiro foi em maio de 2004, quando os chineses suspenderam as importações de soja, alegando que havia mistura de sementes tratadas com fungicidas nos carregamentos, o que era ilegal. O comércio com a China, principal mercado para a oleaginosa, foi restabelecido. Em junho do mesmo ano foi a vez de a febre aftosa voltar a assombrar. Um foco numa região isolada do Pará levou vários países a barrarem a importação de carnes, restrições depois eliminadas.
Até hoje o Brasil sente os efeitos do terceiro problema na área sanitária. Em outubro do ano passado, aconteceu o que Governo e iniciativa privada mais temiam: a descoberta de um foco de aftosa em Mato Grosso do Sul. Na época, técnicos do Governo disseram que a doença “tinha atingido o coração da pecuária do País”.
E a situação ficaria ainda pior. Dois meses depois, o Ministério da Agricultura confirmou mais casos da doença, só que no Paraná. Nove meses depois das descobertas, 58 países ainda mantêm algum tipo de restrição à carne brasileira. “As vendas caíram muito. A Rússia está nos matando”, resumiu o presidente-executivo da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs), Pedro de Camargo Neto. Em volume, as vendas totais caíram 25,47% no primeiro semestre de 2005.
Uma lista de falhas é citada toda vez que há um problema sanitário. O presidente do Fórum Nacional Permanente de Pecuária de Corte da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Antenor Nogueira, enumerou alguns desses motivos. O primeiro é a escassez de técnicos para os trabalhos de campo, ou seja, para fiscalizar a vacinação dos animais e também para um controle rigoroso nas fronteiras.
Uma das hipóteses consideradas quando foi descoberto o foco de aftosa em Mato Grosso do Sul foi a de que os animais doentes teriam sido trazidos do Paraguai, onde os bezerros custam menos.
Além do treinamento de pessoal, Nogueira também lembrou a importância da vacinação conjunta dos rebanhos e aves criados em países que fazem fronteira com o Brasil. A imunização conjunta contra aftosa é um dos itens de discussão do Conselho Agropecuário do Sul (CAS), que reúne os ministros da Agricultura da Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai.