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Cuidado com o meio ambiente dá lucro a suinocultores

<p>Com o adubo produzido nas propriedades, economia pode chegar à R$ 97,5 mil por ano na compra de fertilizantes.</p>

Redação SI (05/06/06)- Há 23 anos criando suínos, o produtor Arão Antônio Moraes, 57 anos, nunca imaginou que os resíduos, principal problema da atividade, se tornariam aproveitáveis em escala industrial. Com investimento de R$ 700 mil em três biodigestores, em parceria com a Agcert e a Sansuy, os dejetos dos suínos passaram a ser transformados em biofertilizante e energia elétrica.

Com o adubo produzido na propriedade, Moraes passou a economizar R$ 97,5 mil por ano na compra de fertilizantes. A pastagem passou a ter aproveitamento maior. Antes, cada ha comportava de duas a três cabeças de gado. Graças ao biofertilizante, a quantidade de reses no mesmo espaço é cinco vezes maior, de 10 a 12 bovinos/ha. Arão Moraes contabiliza ainda redução superior a 50% na conta de energia elétrica.

Dos 100 metros cúbicos de gás metano gerado por hora a partir dos dejetos, 30% são transformados em energia elétrica. Quantidade suficiente para tocar a fábrica de 1 milhão de quilos de ração por ano. O gerador tem capacidade para 75 kVA (quilovolt-ampre).

Crédito de carbono
Além de toda essa economia, em torno de R$ 175 mil por ano, o pagamento de crédito de carbono tornou o Protocolo de Kyoto o divisor de águas da suinocultura. Para reduzir a emissão de gases tóxicos na atmosfera, o produtor passa a receber o equivalente a quatro euros por matriz. Com duas mil matrizes e produzindo 42 mil suínos por ano, Arão Antônio Moraes deverá receber em torno de R$ 24 mil por ano.

Graças ao biodigestor, as granjas de Moraes deixam de jogar 100 metros cúbicos de gás metano 21 vezes mais poluente e nocivo do que o dióxido de carbono na atmosfera. O gás que não é transformado em energia elétrica é queimado. Esse mecanismo é conhecido como seqüestro de carbono, que é convertido em crédito e comercializado, com certificação da Organização das Nações Unidas (ONU), nos países industrializados.

A “economia fantástica”, como define Moraes, chegará a outros setores da economia. Conforme o gerente regional de Operações Ambientais da Agcert, Oldemar Eichelt, os benefícios do tratado chegarão à agroindústria, também considerada altamente poluente, como curtumes, frigoríficos, fecularias e abatedouros.

Além disso, produtores rurais podem ganhar com reflorestamento e projetos de agrossilvopastorias. Prefeituras também podem ganhar com a transformação de lixões em aterros, o que pode render, somente para Campo Grande, R$ 1 milhão por ano em créditos de carbono.