Redação (25/05/06) – Ontem, surpreendentemente para todo o mercado, o frango vivo comercializado no interior paulista sofreu nova baixa de cinco centavos a quinta no espaço de oito dias e foi comercializado a R$1,05/kg, ou seja, o mesmo valor de abertura do mês de maio e que vigorou praticamente durante toda a segunda quinzena de abril.
Ainda que seja 50% superior ao preço que vigorava há 60 dias (R$0,70/kg nesta mesma época de março), a atual cotação representa queda de 19% sobre o melhor preço deste mês e do ano (R$1,30 kg entre 10 e 16 de maio, ou seja, apenas uma semana). Na média e por ora, o frango vivo acusa queda de 11% sobre o preço médio de maio do ano passado.
Frente a mais essa queda (ou seria desabamento?), o mercado vai ficando perplexo. Pois, como observa a Jox Assessoria Agropecuária, somente um cenário de vendas completamente estagnadas de frango abatido na parte inicial da semana consegue explicar, em parte, a continuidade dessa trajetória de quedas. Porque, prossegue a Jox, o volume de pintos apontado pela APINCO para abril (333 milhões de cabeças correspondentes ao frango que está sendo abatido neste momento) sugeria um mercado enxuto, com ofertas muito controladas;
E como a Jox menciona que a estagnação nas vendas (do frango abatido) explica em parte a situação inusitada, cabe perguntar a que mais se deve o quase caos do mercado. Como resposta, pode-se adicionar aos argumentos corriqueiros (falta de mercado por conta do final de mês; formação de estoques inesperados nas duas últimas semanas), a eventual existência, ainda, de estoques de frango não exportados ou, mesmo, o aumento de preços para o consumidor (afinal, para quem adquiriu o produto por R$1,00 ou menos, a volta aos preços normais pode representar aumento de 100% ou mais).
No entanto, uma das causas ainda não aventadas relaciona-se a um fator sazonal: o pico da safra de carne bovina, normalmente observado entre os meses de maio e junho e época em que todas as carnes (não apenas uma, especificamente) registram os piores preços do ano.
Para corroborar essa afirmação, basta observar que, no período 2000/2005, o menor preço do frango vivo no ano (dados da Jox) foi registrado no mês de maio. Observe-se, ainda, que, no momento, suínos e bovinos registram os menores preços de 2006. Nos últimos 30 dias, por exemplo, a arroba do suíno recuou 14% e a do boi em pé quase 6%. Ou seja: por condições que todos acompanhamos, só o frango vivo permanece com o mesmo preço de 30 dias atrás.
Infelizmente para as três carnes, só se pode contar com um princípio de reversão da situação a partir de junho.