Redação (17/05/06)- Lançado pelo governador Paulo Souto na semana passada, o Programa Carne Saudável vem contando com o interesse dos investidores. Pelo menos cinco grupos de empresários já procuraram a Secretaria da Agricultura (Seagri) para buscar orientações e, a partir de junho, é provável que já exista demanda de financiamento junto à Desenbahia, segundo previsão do diretor de Pecuária da Seagri, Plínio Moura.
As propostas para a construção dos primeiros entre os 80 entrepostos de carne a serem erguidos na Bahia em 2006 vêm de diversas áreas, desde Teixeira de Freitas, no extremo sul, passando por Santo Antônio de Jesus, Barreiras, Alagoinhas e Serrinha. Para 2007, a previsão é de que mais 90 entrepostos sejam construídos no estado.
Paralelamente, o governo também assinou protocolos para a construção de mais cinco frigoríficos na Bahia um de inspeção federal em Itororó (com investimentos de R$ 9 milhões pelos empresários baianos) e quatro de inspeção estadual em Itapetinga, Alagoinhas, Amargosa e Serrinha esses dois últimos com investimentos de R$ 4,5 milhões e R$ 4 milhões, respectivamente.
As obras devem ser concluídas até o fim deste ano para a inauguração até junho do ano que vem. Assim, com os frigoríficos e os entrepostos, buscaremos diminuir drasticamente o percentual de 48% de abate clandestino na Bahia, diz Plínio Moura.
A idéia é de que os entrepostos funcionem como pontos de apoio para os 19 frigoríficos que já existem no estado da Bahia (13 com inspeção estadual e seis com inspeção federal), localizados em pontos do território baiano como a Região Metropolitana de Salvador (RMS) e as cidades de Feira de Santana, Itapetinga, Jequié, Teixeira de Freitas, Barreiras e Vitória da Conquista, entre outras. Com a construção dos entrepostos, o Programa Carne Saudável visa oferecer maior segurança alimentar na cadeia de distribuição e comercialização do alimento nas diversas regiões da Bahia.
Em relação ao abate clandestino, o programa busca facilitar a migração da carne abatida na clandestinidade para os frigoríficos, dando opções às regiões descobertas. Como cobrar dos municípios se não lhes damos opções? Então, estamos mostrando aos empresários as regiões carentes onde há potencial para o investimento e volume de rebanho, pois o pior inimigo do frigorífico é a ociosidade, ou seja, funcionar abaixo de sua capacidade. Por isso, estamos nesse trabalho de atração de investidores, mostrando que é seguro investir nas áreas descobertas no estado, que não dispõem de frigoríficos, contextualiza o diretor de Pecuária da Seagri.
Um exemplo de região descoberta, nesse sentido, na Bahia é a de Irecê. Basta dizer que grande parte da carne consumida na cidade vem de Feira de Santana e Jequié. Conseqüentemente, o produto chega mais caro por lá, pois já vem desossado. Com o programa, a carne será transportada nos caminhões-baús e desossada nos entrepostos, onde se mantém refrigerada nas câmaras frias.
De lá, será distribuída mais fresca e mais barata aos supermercados e ao consumidor final. O terreno para a construção do entreposto é cedido pelas prefeituras das cidades, onde os trabalhos também contam com o acompanhamento da Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab).
Financiamento
Para a construção dos 80 entrepostos de carne previstos para este ano, serão investidos mais de R$ 21 milhões. Desenvolvido pela Seagri e com convênio com o Ministério Público, o Programa Carne Saudável oferece financiamento a empresários para a construção do entreposto e a compra de equipamentos e caminhões-baú refrigerados. O objetivo é melhorar a qualidade do produto comercializado e consumido no estado, em sintonia com a Portaria 304, do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).
Os juros máximos oferecidos pelo programa são de 6% ao ano o valor que exceder a esse percentual é pago pelo Governo do Estado, com recursos do Fundo de Desenvolvimento Econômico e Social da Bahia (Fundese). O município que dispõe de carne inspecionada sente logo os bons efeitos na saúde pública. Em palestras, inclusive, sempre pedimos o apoio da população para estar atenta ao manuseio do alimento e a comprar sempre carne refrigerada, e nunca a carne quente pendurada nas feiras. O Programa Carne Saudável foi um grande presente que o governo trouxe para o setor da agricultura e para a saúde pública no estado, define o diretor Plínio Moura.