Redação SI (09/05/06)- Muito se fala e pouco se conhece sobre a interdição do mercado russo à carne suína produzida em Santa Catarina. Estive na Rússia em outubro de 2005 e, na época, recebi do diretor veterinário russo a expressão de seu descontentamento em razão das divergências entre a União e o estado do Paraná.
Diz o acordo sanitário Brasil Rússia que, quando da ocorrência de um foco de febre aftosa em um Estado, os Estados vizinhos ficam desabilitados por um ano. Esta é a razão pela qual não estamos exportando para a Rússia. Em algumas ocasiões as autoridades russas não têm seguido o acordo à risca, mas neste momento estão bastante rigorosas.
Ciente das dificuldades, o Governador Luiz Henrique da Silveira viajou à Rússia em janeiro deste ano, onde foi recebido pelo Ministro da Agricultura daquele país, Alexei Gordeyev, a quem fez um apelo e confirmou a excelência sanitária de Santa Catarina, Estado há 14 anos sem ocorrência de aftosa e há seis anos livre da doença sem vacinação.
Apesar do esforço, os russos se mantiveram irredutíveis. Posteriormente, o premier russo Mikhail Fradkov esteve no Brasil, e recebeu do próprio Presidente Lula uma apelo pela liberação do embargo a Santa Catarina.
O Ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, com quem conversei semana passada, tem ligado diariamente para o embaixador russo no Brasil. Em virtude de tudo isto, estamos seguindo orientações de especialistas do mercado russo, para que nosso Estado proponha um acordo de cooperação técnica, visando o aumento da produção russa e a reabertura de Santa Catarina.
É muito lógico que a Rússia queira, por razões estratégicas, diminuir a dependência na área de carnes. É lógico também que não queiram permanecer importando mais de um milhão de toneladas de nossa carne. Por outro lado, Santa Catarina não pode deixar de exportar, o que significa prejuízos não só para as agroindústrias, mas para toda a cadeia produtiva. Com esta cooperação técnica esperamos vencer os obstáculos do bloqueio. Assim sendo, solicitei uma audiência com o Ministro da Agricultura da Rússia para tratar destes temas nos próximos dias. Em nenhum momento houve descaso das autoridades estadual ou federal. O que se vê são explorações políticas de quem não conhece a matéria.