Redação (08/05/06) – Pelo terceiro mês consecutivo, o Brasil voltou a registrar desempenho negativo com a exportação de carne suína. Balanço divulgado pela Abipecs (Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína) indica que a receita no mês de abril foi de US$ 57 milhões, um recuo de 50,31% na comparação com o mesmo período de 2005 (US$ 114,8 milhões).
O embarque de carne suína sofreu uma queda de 51,38%, passando de 59.333 toneladas em abril de 2005 para 28.850 toneladas no mesmo período deste ano. O principal motivo para a continuidade da queda no desempenho comercial do setor continua sendo o embargo da Rússia às carnes brasileiras.
O veto foi determinado no dia 12 de dezembro do ano passado por conta de focos de febre aftosa nos Estados do Mato Grosso do Sul e Paraná. O Brasil ainda conseguiu embarcar parte dos estoques produzidos antes do embargo durante os meses de janeiro e fevereiro.
A suspensão parcial do embargo russo às carnes brasileiras, que liberou exclusivamente a produção do Rio Grande do Sul, ainda não foi suficiente para melhorar a performance do setor em abril. Outros mercados importantes, como Santa Catarina, Minas Gerais e Goiás, continuam fechados.
A Rússia é o principal importador do produto brasileiro, respondendo pela compra de 65% do total enviado pelo Brasil ao exterior no ano passado. Atualmente, o Brasil é o quarto no ranking mundial de produtores e exportadores de carne suína.
No acumulado do primeiro quadrimestre deste ano, as exportações para a Rússia já indicam uma retração de 43% na comparação com o mesmo período do ano passado. Foram 58.037 toneladas nos quatro primeiros meses, contra 101.706 em 2005.
“O governo brasileiro precisa reagir a este embargo. A Rússia não está cumprindo com aquilo que prometeu. Quando o presidente da República, Luis Inácio Lula da Silva, visitou Moscou no ano passado, o Brasil apoiou a entrada da Rússia na OMC (Organização Mundial do Comércio). No protocolo assinado na ocasião, os russos se comprometiam por outro lado a cumprir os acordos da OMC e OIE (Organização Internacional de Epizootias). Isso não está ocorrendo”, afirmou o presidente da Abipecs, Pedro de Camargo Neto.
O presidente a Abipecs relembra ainda que a Rússia chegou a informar que Santa Cataria seria o próximo Estado brasileiro a ter as exportações normalizadas. O anúncio foi feito durante a visita do primeiro-ministro russo, Mikhail Fradkov , ao Brasil, no início de abril.
“Novamente, a Rússia não cumpriu com o prometido. Parece que ninguém mais cumpre o que combina com o Brasil. A Rússia nas carnes e a Boliva com o gás. O Brasil precisa se impor. O setor de carnes exige uma reação drástica do governo brasileiro”, completou Camargo