Redação SI (10/04/06)- As remessas de carne suína de Mato Grosso do Sul para o exterior caíram 50,3% no primeiro trimestre de 2006, na comparação com o montante enviado nos três primeiros meses do ano passado. A queda no percentual acompanha o índice de defasagem registrado nos preços pagos aos suinocultores de MS.
Segundo dados da Abipecs (Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína), de janeiro a março de 2005 o Estado foi responsável pelo envio de 7.339 toneladas de carne suína ao exterior; neste ano, as remessas dos três primeiros meses decresceram a apenas 3.643 toneladas.
Enquanto as restrições internacionais anunciadas aos produtos brasileiros derrubam as exportações, os produtores são pressionados na base da cadeia produtiva com a redução dos ganhos. O preço do quilo do suíno vivo pago aos suinocultores sul-mato-grossenses, que no início do ano passado chegava a R$ 2,50, hoje varia em torno de R$ 1,40, valor que empata com o custo estimado para produzir um quilo de suíno vivo.
A situação do setor é ainda mais grave no caso dos produtores independentes, ou seja, aqueles que não possuem contratos previamente firmados com indústrias para venda dos animais produzidos. Neste caso, o preço do quilo pago aos suinocultores do Estado já chegou a R$ 0,90 neste ano, o que representa prejuízo de aproximadamente R$ 0,50 por quilo de suíno vivo comercializado, se computados os custos de produção.
Os suinocultores de Mato Grosso do Sul verificaram quedas gradativas nos preços pagos pelos animais durante todo o ano passado, devido à alta oferta de suínos no mercado frente ao potencial de abate das indústrias locais. No período, as remesses ao exterior e as vendas de animais em pé a outros Estados garantiram a viabilidade econômica do setor, mesmo diante da redução nos preços aos produtores. A partir de outubro de 2005, a confirmação de focos de aftosa no Estado levou outras Unidades da Federação e os países importadores a embargarem os produtos de MS. As restrições geraram um excedente de suínos no mercado interno e derrubaram os preços aos produtores.
A retração no setor, ou mais especificamente nas exportações de carne suína, representou perda de aproximadamente US$ 4,3 milhões à suinocultura de Mato Grosso do Sul nos três primeiros meses de 2006. No período, as remessas de carne suína do Estado renderam receita de US$ 5,7 milhões, enquanto o volume exportado no mesmo período do ano passado ultrapassou US$ 10 milhões. Na cotação de sexta-feira do dólar (R$ 2,149), as perdas da redução das remessas ao exterior equivalem a R$ 9,2 milhões.