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Decisão sobre pacote de socorro é adiada

<p>A decisão do governo sobre o pacote de socorro aos produtores rurais deve demorar pelo menos mais uma semana para sair por causa da demissão da cúpula do Ministério da Fazenda.</p><p></p><p></p>

Redação (29/03/06) – Durante uma reunião convocada ontem pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o novo ministro da Fazenda Guido Mantega pediu mais tempo para avaliar os pedidos. Entre os principais, estão a renegociação de parte dos R$ 12 bilhões em dívidas rurais, a destinação de R$ 1,3 bilhão para ajudar a sustentar os preços agrícolas durante a venda da atual safra, a 2005/06, e a isenção de PIS-Cofins sobre os insumos das principais cadeias agropecuárias.

Envolvido na montagem de sua equipe, o ministro Mantega quer avaliar o impacto das medidas para o Tesouro Nacional. Estima-se em R$ 6 bilhões o custo do novo socorro. “Teremos que recomeçar do zero”, admitiu uma fonte de alto escalão.

O novo ministro saiu da reunião, porém, com o compromisso de fazer uma análise rápida do pacote. Depois de sua posse, ontem no Palácio do Planalto, Mantega admitiu a importância das medidas. “Esses problemas do setor agrícola vêm do ano passado. Temos que dar uma atenção especial a eles”, disse.

A reunião do presidente Lula com os ministros Roberto Rodrigues (Agricultura), Paulo Bernardo (Planejamento) e Dilma Rousseff (Casa Civil) serviu para uma ampla exposição sobre as dificuldades do campo, mas não avançou no desenho do tamanho e da extensão do pacote.

Discutiu-se a falta de liquidez e a perda de renda do segmento de grãos, as causas do endividamento do setor, o impacto da taxa de câmbio sobre a produção e os altos índices de inadimplência. No Estado de Mato Grosso, por exemplo, o Banco do Brasil amarga um calote de R$ 957 milhões de 2,1 mil produtores. Até agora, conseguiu renegociar somente 77 propostas, o equivalente a R$ 26 milhões – ou 3,8% do total.

O atraso nas negociações internas do governo desanimaram as lideranças do setor. “Não tenho muita esperança de resolução rápida. E acho que teremos algo paliativo, nada definitivo”, sentenciou o presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB), João Sampaio. “A agricultura tem um tempo. Se for para resolver daqui a dois meses, nem precisa tanta preocupação”.

O presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), Márcio Lopes de Freitas, está menos pessimista. “Acho que as linhas gerais estão dadas e são corretas. Agora, precisa acelerar”. A OCB defende a rolagem das dívidas de custeio das safras 2004/05 e 2005/06 por dez anos e carência um ano. Também pede a prorrogação dos débitos de pouco mais de R$ 1 bilhão da linha especial FAT Giro Rural, criada para a renegociação entre produtores e fornecedores privados. Quer, ainda, o adiamento das dívidas das linhas de investimento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para o fim dos contratos.

A bancada ruralista também não gostou do atraso. O presidente da Comissão da Agricultura da Câmara, Ronaldo Caiado (PFL-GO), ironizou: “O Mantega pode nos ajudar falando um pouco mais sobre juros. Quem sabe o dólar sobe um pouco mais”. Segundo o deputado Luís Carlos Heinze (PP-RS), o governo precisa dar um sinal “claro e inequívoco” ao setor para tranqüilizar os “milhares de produtores endividados” do país.

O presidente da SRB também insiste nas dúvidas sobre o bom relacionamento entre os ministros Roberto Rodrigues e Guido Mantega. “A relação anterior deles influenciará. Além disso, o Mantega não tem como prioridade a agricultura, ele não é ligado ao setor”, disse Sampaio.