Redação (28/03/06)- Os baixos preços do frango estão agravando a crise dos suinocultores e das indústrias brasileiras do segmento, que desde os registros de febre aftosa em Mato Grosso do Sul dependem basicamente do consumo interno para a comercialização da produção. O preço do quilo vivo pago ao produtor sul-mato-grossense já caiu 41%.
A análise é do presidente da Associação Brasileira de Criadores de Suínos (ABCS), Rubens Valentini, que ontem participou do Fórum Legislativo Estadual da Suinocultura, realizado na Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul), em Campo Grande.
A elevada oferta interna do produto já derrubou os ganhos dos suinocultores, que recebem em média R$ 1,40 pelo quilo de carne suína, frente ao valor de R$ 2,40 recebido em setembro do ano passado antes da confirmação da aftosa. “Elevar o consumo interno era a única alternativa para amenizarmos a crise do setor, mas os baixos preços da carne de frango devem desestimular o consumo da carne suína”, frisou.
Valentini afirma que a oferta de carne de frango está muito alta, o que tem propiciado que o quilo chegue aos consumidores por até R$ 0,99 em alguns supermercados. “Deveremos registrar queda no consumo da carne de suíno, o que agrava ainda mais a crise do setor”, disse.
O presidente da ABCS ressalta que os produtores de Mato Grosso do Sul foram os mais prejudicados com os embargos anunciados diante dos focos de aftosa, mas, de acordo com ele, a recuperação das operações com outros Estados foi rápida devido à agilidade dos trabalhos sanitários para contenção da doença. Porém, segundo ele, os desentendimentos entre governos do Estado do Paraná e federal, em relação aos focos de aftosa verificados naquele Estado, estão atrasando a reabertura dos mercados internacionais.
Para Valentini, o Brasil perdeu credibilidade, receita, imagem no exterior e confiança internacional em relação à sanidade animal. O presidente da associação lembrou ainda que o Brasil produz 250 mil toneladas de carne de suíno no mês e exportava apenas 20% deste volume. A Rússia era o principal mercado consumidor e, sozinha, absorvia 60% da carne suína brasileira exportada. O País anunciou embargo aos produtos nacionais em outubro e continua fechado.
O presidente da Associação Sul-Mato-Grossense de Suinocultores (Asumas), Luiz Teodoro de Souza, afirma que os produtores de Mato Grosso do Sul também sofrem com os baixos preços pegos pelos produtos. “A Rússia era o principal mercado à nossa carne e, assim como o restante do País, estamos sentindo o impacto das restrições comerciais”, disse. Atualmente, existe 1,7 milhão de matrizes produzindo suínos para abates em todo o País e cerca de 45 mil estão em território sul-mato-grossense. “Precisamos comprovar nossa competência produtiva e elevar os cuidados sanitários para reverter esta situação de embargos”, disse Teodoro de Souza.
Os representantes das entidades que representam o segmento concordam que, enquanto os compradores internacionais se mentêm fechados, a única possibilidade de enxugar a carne de suíno excedente no mercado interno seria elevar o consumo interno, porém os preços do frango podem dificultar ações com este objetivo.