Redação AI (24/03/06)- O frango congelado e temperado tipo exportação, que vem sendo consumido cada vez mais pelo paraense, preocupa as autoridades por ser um produto que está sendo rejeitado por mercados como o europeu, ressabiado por causa da crise da gripe aviária. Mas o consumidor acaba optando pelo produto mais barato, já que o frango resfriado regional, produzido em municípios como Santa Izabel do Pará e Benevides, por exemplo, custa mais.
Em Santa Izabel, onde está a indústria Americano, que concentra nada menos que 50% da produção paraense, já se tem o início dos processos de demissão, por conta da impossibilidade de exportar o produto e da concorrência predatória do produto tipo exportação. ”Temos notícias extra-oficiais de que a empresa (Americano), a maior empregadora do município, está demitindo funcionários e em contenção de despesas. O problema nos coloca numa situação de grande medo, pois nossa economia depende muito dessa atividade”, disse o prefeito de Santa Izabel, Mario Kato (PMDB). Informações ainda extra-oficiais dão conta de que produtores locais já estariam sacrificando aves para regular o estoque, que encalhou depois da entrada do frango tipo exportação. O presidente da Associação Paraense de Supermercados (Aspas), Carlos Limão, confirma a procura cada vez menor pelo produto paraense e a dificuldade enfrentada pelos fornecedores para prestigiar a produção regional. ”Está cada vez mais difícil para os supermercados comprar o frango resfriado, já que o preço do exportação é bem menor. Não podemos negar que o produto regional está encalhado nas prateleiras”, atesta.
Mario Kato lembra que o frango exportação tem em média 20% menos peso que o regional, dado que passa despercebido pela população. O presidente da Agência de Defesa Agropecuária do Pará (Adepará), Francisco Victer, confirma as desvantagens do frango vindo do Sul e Sudeste, que foi barrado no mercado internacional pelos mesmos motivos que levaram o produto paraense a não poder ser vendido. Ele garante que a queima de frangos não está ocorrendo no Estado, ressalvando porém que isso pode acontecer de forma clandestina e ilegal. ”Toda ocorrência sanitária deve ser comunicada à Adepará, e nós não recebemos, nenhum comunicado ou pedido de sacrifício de aves no Estado”, asseverou.
Pesquisa do Dieese do Pará confirmou, esta semana, que o preço do frango comercializado em Belém continua em queda. O Dieese constatou uma redução de cerca de 6,5% no preço do produto desde janeiro deste ano até a terceira semana de março, quando o frango resfriado caiu de R$ 3,40 para o preço médio de R$ 3,17 o quilo. Até a primeira semana de março, a queda no preço era de 4,41%, quando o valor médio do quilo ainda era de R$ 3,25.
Mas a queda no preço ainda não é suficiente para barrar a concorrência sistemática com o frango congelado e temperado, tipo exportação, que encalhou em outros mercados a partir das dificuldades dos países na exportação de aves por conta da gripe aviária. Uma reunião está marcada para o dia 30 deste mês, na Federação da Agricultura do Pará (Faepa), para discutir a crise. Produtores de todo o Estado devem participar, sob a chancela da Associação Paraense de Avicultura (Apave), que deve iniciar uma campanha pelo consumo do frango regional.