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Soja: dólar, ferrugem e quebra na safra desanimam produtores

<p>A constante desvalorização no dólar, o avanço da ferrugem asiática no final do ciclo da soja e a conseqüente quebra na safra em decorrência do clima e da redução no padrão tecnológico aplicado à lavoura desanimaram os produtores da cultura.</p>

Redação (13/03/06) – “Está pior do que no ano passado” e “a conta não fecha” foram as frases mais ditas por agricultores que participaram, na última sexta-feira, do Dia de Campo da Agromen, em Uberlândia (MG).

Os sojicultores reclamam que, pela segunda safra consecutiva, o plantio foi feito com um valor dólar superior ao da colheita. “Nós compramos os insumos com o dólar a R$ 2,40 e vamos ter de vender a colheita com ele próximo a R$ 2,10”, afirmou Eunimar Corrêa de Araújo, que cultiva cerca de 1,2 mil hectares em Unaí, Noroeste de Minas Gerais.

Ele explica que as chuvas naquela região do estado foram muito irregulares e houve vários períodos de estiagem que prejudicaram a cultura. Araújo faz as contas para comprovar que realmente não irá cobrir sequer os custos de produção neste ano. “A soja custa R$ 20 a saca e a produção média será de 40 sacas por hectare. Ou seja, conseguirei R$ 800 por hectare com a comercialização, para um custo médio de produção de R$ 1 mil”, disse o agricultor, que já fez cortes em gastos fixos em suas propriedades e optou por ampliar a capacitação profissional de seus funcionários para tentar melhorar a produtividade da lavoura.

Já Leonardo Mendonça Tavares, superintendente da Agromen Sementes, disse que a empresa prevê quebras de 10% a 20% em lavouras de soja das regiões Sul e Centro-Oeste, graças à baixa tecnologia e ao clima. “Houve estiagem no início do ano e agora chuva está prejudicando a colheita”, afirmou Tavares.

De acordo com ele, o clima quente e úmido favoreceu a disseminação da ferrugem asiática e, ao mesmo tempo, reduziu o período residual de atuação do fungicida nas lavouras de soja. “Em algumas regiões, por exemplo, o período residual em que o fungicida permanecia ativo, que no ano passado variava de 18 a 20 dias, agora é de oito a nove dias”, afirmou Tavares. Diante disso, muitos sojicultores são obrigados a fazer quatro aplicações durante o ciclo produtivo, ante duas na safra passada, o que aumenta ainda mais os custos de produção. “Por tudo isso, nós não acreditamos que serão colhidas 57 milhões de toneladas como o governo prevê para a soja e estimamos entre 52 milhões e 53 milhões de toneladas”, concluiu o executivo.